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Jigoku Shoujo Futakomori

Apesar de uma temática normalmente associada ao cristianismo, a ideia de um inferno é definida, de uma maneira ou outra, numa série de religiões. O tema em si, de um lugar onde os injustos são atormentados pelos seus actos pode ser visto como um reflexo da crença num sistema de justiça que ultrapasse os limites humanos, uma ordem aparente no caos do universo. E se for possível aceder a tal julgamento via Internet, então ainda melhor.

«Jigoku Shoujo», que significa literalmente «Rapariga do Inferno», começa como um mito urbano. Aparentemente, existe um determinado site que se abre à meia-noite, onde se pode escrever o nome de alguém que odiemos, e uma rapariga misteriosa trata de a enviar para o inferno imediatamente. O que parece muito justo, até esta revelar o reverso da medalha: a vingança é um pacto que liga duas almas. Ou seja, se uma pessoa vai para o inferno, quem a mandou para lá está igualmente condenado a passar a eternidade lá, após a sua morte.

Dado que se trata de uma tarefa de empenho razoável, Enma Ai (o verdadeiro nome desta rapariga) reúne 3 personagens, que a ajudam a concretizar a relativamente complexa tarefa de enviar pessoas para o inferno, nomeadamente um idoso e um casal jovem, cada um com capacidades invulgares. Depois disso, há a vigia a potencial candidatos a clientes, a necessidade de seguir os alvos, e obviamente, concretizar o acto com requintes de malvadez. Conjugado com isto tudo é um design simples, limpo, e com toques artísticos sem puxar ao realismo, a apostar no mercado das jovens adolescentes.

images/series/jigoku/jigoku1_b.jpg|images/series/jigoku/jigoku1.jpgimages/series/jigoku/jigoku2_b.jpg|images/series/jigoku/jigoku2.jpgimages/series/jigoku/jigoku3_b.jpg|images/series/jigoku/jigoku3.jpg

Todos estes aspectos são base quer na série original de Jigoku Shoujo, como no Live Action que lhe sucedeu. Jigoku Shoujo Futakomori, de que trata este artigo, é da série original, e resolve alguns dos problemas que esta enfrentava. Enquanto a maior parte dos clientes anteriores era do género da “rapariga simpática que está subjugada por uma pessoa horrível”, a série prossegue num caminho mais cinzento. As pessoas que a chamam são mais complexas, revelando por vezes psicoses ou comportamentos deviantes, e nem sempre o “mau da fita” é castigado. O passado dos ajudantes de Enma revela-se com maior detalhe, o que dá uma maior perspectiva ao seu comportamento em relação aos clientes. É também adicionada uma criança misteriosa chamada Kikuri, cuja missão de irritar a equipa torna as coisas mais imprevisiveis.

Na parte do argumento, este dá-se ao trabalho de brincar um pouco com o comportamento sempre sóbrio e sem emoções da Jigoku Shoujo, e de tornar os “castigos” rápidos e muitas vezes irónicos, ao contrário das cenas de terror morninhas e demasiado longas do original, ajudando muito ao avanço da história e ao ambiente geral da história. Também é perfeitamente fechado, ou seja, os acontecimentos da série anterior não afectam o enredo desta série (que diga-se de passagem, consistem quase unicamente de episódios isolados), e o final encerra, por assim dizer o ciclo.

O arco final da história é talvez um pouco longo demais, assim como a resolução, e a musica (tirando os lindíssimos OP e ED) já foi melhor. Mas em geral, a série marca uma espécie de evolução – na verdade, nota-se já a influencia das séries americanas na maneira como o argumento é estruturado, e num grande avanço em relação à série original. Definitivamente uma série digna de ser, pelo menos, verificada.
Autor:Nuno Sarmento

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