Tive a oportunidade de assistir a dois dos mais recentes filmes do Studio Ghibli que estavam inseridos no Festival Monstra e que aconteceu há poucos dias em Coimbra. Pela primeira vez este festival decidiu fazer uma tournée pelo nosso país e assim mostrar o cinema de animação actual que é produzido por esse mundo fora. Como destaque o Festival decidiu apostar em duas longas metragens (Kaguyahime no Monogatari e Kaze Tachinu) do estúdio de animação mais famoso do Japão e a aposta foi mais que ganha. A sala de cinema estava bem composta…
風立ちぬ(leia-se Kaze Tachinu) foi traduzido para português para “As Asas do Vento” foi realizado pelo grande mestre Hayao Miyazaki, estreou no Japão a 20 de Junho de 2013 e é uma biografia animada do grande engenheiro aeronáutico Jiro Horikoshi, responsável pela criação dos aviões mais avançados da Segunda Guerra Mundial.
As primeiras imagens da longa metragem apresenta-nos o personagem principal Jiro Horikoshi (que tem como seiyuu Hideaki Anno, o famoso realizador de Neon Genesis Evangelion) que tem como grande sonho ser piloto, contudo Jiro sofre de miopia, por esse motivo o mais próximo que consegue alcançar do seu sonho é converte-se num engenheiro aeronáutico e assim continuar junto aos aviões. Depois assiste ao terramoto de 1923 que devasta a capital japonesa. É nesta altura que conhece e salva o seu futuro amor, Naoko Satomi (Miori Takimoto, que é mais conhecida pela sua carreira musical no já desaparecido idol group SweetS).
A ascensão profissional de Jiro é paralela à história romântica com a delicada jovem Naoko, vítima de tubercolose e é marcada por alguns elementos convencionais das histórias de amor, como por exemplo o amor à primeira vista, a amada à beira da morte, os sacrifícios e os martírios pessoais.
Esta representação das emoções mostra-nos também uma visão complicada e questionável da relação do personagem principal com a guerra (temática que não é comum nos trabalhos de Miyazaki), onde o protagonista dedica uma vida inteira a criar aviões para matar pessoas e destruir cidades. Apesar desta visão destruidora, Miyazaki prefere ver esta história de Jiro como sendo uma alegoria ao vento, ao progresso e à força de vontade de um rapaz talentoso.
Outro dos aspectos que se destacam nas produções do Studio Ghibli são as bandas sonoras. Mais uma vez e como é habitual nos filmes do realizados por Hayao Miyazaki, a música para esta longa metragem ficou a cargo do grande compositor Joe Hisaishi e com a excelente participação da Yomiuri Nippon Symphony Orchestra.
Em suma, para os amantes da aviação é quase certo que vão adorar o filme e ficarão bastante contentes com os 20 minutos de discussões sobre aerodinâmica e outras conversas sobre materiais de construção destas máquinas voadoras.
Para os fãs de Miyazaki, Kaze Tachinu pode ser um “pau de dois bicos”, ou seja, se por um lado a animação, o traço do autor continua belo, fluído e com todos aqueles detalhes a que já nos habituou, por outro, estamos perante um filme pouco criativo e bastante rígido.
Mesmo assim, um filme Ghibli é sempre um filme Ghibli e por isso vale sempre a pena ver.
Escrito por: Fernando Ferreira
marcos
Muito bom e útil este site.
Gostei muito!
Parabéns!
t3tsuo
Muito obrigado pelo comentário.
Estamos aqui para dar os melhor aos fãs do Japão e da cultura japonesa.