Com o sucesso que Shingeki no Kyojin atingiu, não foi de admirar que aparecessem alguns clones. Kōtetsujō no Kabaneri (甲鉄城のカバネリ) é um desses casos, onde a história tem bastantes paralelismos com a de Shingeki no Kyojin.
No Japão, durante a revolução industrial, um vírus espalha-se por grande parte da população transformando muitas pessoas em Kabane. A propagação do vírus obriga as pessoas a viverem em cidades cercadas por muralhas devido à constante ameaça. Os Kabane são uma espécie de zombies, que quando mordem alguém fazem com que estes se transformem rapidamente neste tipo de monstros.
Entre a resistência encontra-se um jovem chamado Ikoma, que procura arranjar forma de eliminar os Kabane, responsáveis pela morte da sua irmã. Um dia, quando a sua cidade é inesperadamente invadida pelos Kabane, Ikoma vê-se envolvido numa luta contra um, conseguindo derrota-lo devido à arma que tinha acabado de inventar. Infelizmente, Ikoma é mordido, mas consegue evitar que o vírus se propague até ao seu cérebro, transformando-se num híbrido de humano e kabane, um Kabaneri.
Com a cidade prestes a ser destruída pelos Kabane, Ikoma, com a ajuda de Mumei (outra Kabaneri), derrota alguns dos Kabane, permitindo que os seus amigos mais próximos e pessoas mais importantes da cidade (entre as quais se encontra Ayama-sama, a líder da cidade) consigam escapar num Hayajiro (comboios fortificados que são utilizados para viajar neste mundo). O resto da série segue a viagem deste grupo de pessoas enquanto tentam encontrar um sítio mais pacífico onde possam voltar a ter vidas normais, ao mesmo tempo que tentam encontrar uma solução para acabarem com a propagação do vírus.
Kōtetsujō no Kabaneri é uma série interessante, mas um pouco prejudicada pelo número de episódios e por algumas escolhas que faz em termos narrativos. Até meio da série, esta foca-se quase totalmente na luta contra os kabane, com cenas de acção fantásticas que nos levam a ficar empolgados e interessados nesta luta. No entanto, a segunda parte da série foca-se bastante na relação entre Mumei e o seu “irmão” (Biba), revelando um pouco do passado deste e a relação abusiva que tem com Mumei, desviando um bocado a atenção da luta contra os Kabane. Se a série fosse um pouco mais longa, compreendia-se este desvio da narrativa para a história mais pessoal de Mumei, mas devido à sua curta longevidade, a conclusão deste arco narrativo não é tão satisfatória como podia ter sido.
No entanto, a série é brilhante nas cenas de acção. A animação é bastante boa e muitas das batalhas criadas são épicas, sendo estas para mim o ponto onde a série mais brilha. Bem pensadas e com vários personagens a participarem em conjunto para eliminarem a ameaça, as cenas de acção presentes em Kōtetsujō no Kabaneri são do melhor que se fez em anime nos últimos tempos. E óbvio durante a visualização da série que muito do orçamento da série foi para a animação das cenas de ação. Enquanto a animação nas cenas de acção é de topo, já não se pode dizer o mesmo de algumas das cenas mais paradas da série, chegando a animação a ser sofrível em algumas destas.
Outro dos pontos altos é a banda sonora, que acompanha bastante bem os momentos mais intensos da série. Além da trilha sonora bastante épica, a música de abertura, composta pelos EGOIST, também é de destacar.
Realizada por Tetsurō Araki (o mesmo realizador de Shingeki no Kyojin), Kōtetsujō no Kabaneri pode não chegar ao mesmo nível de qualidade de Shingeki no Kyojin, mas continua a ser uma série divertida e empolgante de ver. A série acaba com a história em aberto, provavelmente porque se esperaria uma segunda temporada da mesma, o que não acabou por acontecer. No entanto, um filme para culminar a história vai estrear no mês de Maio de 2019. Da minha parte, espero que seja um final satisfatório para uma série cujo todo o potencial ainda não foi alcançado.
Escrito por: Nuno Rocha