Esta animação foca-se numa rapariga de nome Miyori, que tem uma ligação muito especial com a floresta em volta da vila onde moram os seus avós, e espíritos que habitam a mesma, com o filme a não perder muito tempo a mostrar-nos isso, assim como a beleza da natureza digamos assim. É precisamente após os primeiros planos da floresta, dos seus animais e diversas paisagens que começamos a ficar intrigados com este filme, que contém alguns dos cenários mais belos que tive oportunidade de ver nos últimos tempos.
A relação de Miyori com os seus pais não é a melhor, o que só piora quando os mesmos se separam, tornando-a algo anti-social com o tempo, encontrando paz apenas quando decide caminhar pelo meio daquelas árvores e após falar com alguns dos espíritos da floresta, o que também dificulta a sua relação com as crianças da vila, pelo menos inicialmente.
Apesar de não ser propriamente original, a história e narrativa em si tem pontos interessantes, exibindo até uma certa inocência, daquelas típicas que nos fazem sonhar com outros tempos, e mesmo a introdução esperada de uma ameaça para a existência da floresta e vila recebe-se de braços abertos, porque nos faz sonhar exactamente com o tal aspecto das pessoas poderem juntar-se para um mesmo fim, objectivo e com a ideia de tentar fazer algo bom e de salvar algo que lhes é muito querido.
Se o homem é responsável pela maior parte dos males do mundo, ou por todos no fundo, por ele passa também a solução para eles, sendo essa uma das mensagens que acabei por retirar daqui, remetendo-me algumas vezes para essa obra prima dos estúdios Ghibli que dá pelo nome de Princesa Mononoke.
Voltando à parte técnica, esta merece realmente destaque, sendo um regalo para os olhos, onde até há lugar para aqueles pormenores das personagens descalçarem-se antes de entrarem em casa, ou até no facto delas mudarem de roupa consoante o tempo e dias, ao contrário do que vemos noutros casos. Mas acima de tudo, e mais uma vez, o resultado final faz-nos sonhar, transporta-nos para fora daqui e o todo exibe uma sensibilidade digna de nota. Cenários soberbos, criaturas amorosas, personagens que nos despertam algo, temos aqui um daqueles filmes que se pode dizer que é ideal para toda a família.
Uma visita ao site oficial mostra-nos algumas das personagens chave, assim como trailers muito breves e curtos de escassos segundos, não dando lá muito bem para ter uma ideia melhor do filme. Como este foi exibido na altura num canal de TV japonês e não foi ainda licenciado, o melhor é mesmo verem a versão traduzida por fãs que se encontra na net, vulgo “fansub”, com o google a ser vosso amigo caso estejam interessados(as).
Miyori no Mori foi daqueles achados do acaso, que se aconselham vivamente para quem quiser passar 1h40m num universo tão familiar como aparte, rodeado de seres estranhos como carismáticos. Em certos momentos pode até parecer uma obra algo infantil, mas sinceramente, o que é que isso tem de mal?
Autor: Nuno Almeida