Algures entre: os anúncios da Evax; “O meu primeiro beijo” e uma sitcom americana sobre duas irmãs que se odeiam mas que se amam está Momoiro Sisters. Criada por Momose Tamami, esta série é a segunda que vejo (a outra foi Yume de Aetara) que segue o esquema dos episódios curtos (5 minutos, sensivelmente) mas cheios de detalhe. Aliás, convido-vos a mandarem-me emails com nomes séries que sigam o mesmo tipo de esquema, já que é algo que nunca deixa de me surpreender. Estranho, mas suculento.
Momoiro Sisters explora a vida de Momoko, uma estudante de 16 anos que ainda é virgem (e tal como as escolas em que andei é mais natural as miúdas gabarem-se desalmadamente de terem sido levadas ao forno antes dos 14) e da sua irmã Sakura que é uma “office lady” de 20 e tal anos pelos comentários das personagens sou levada a pensar que ela já está a cair para o lado dos 30 que é obcecada pelas mamas de uma das suas colegas , julga-se tremendamente jovem e sexy apesar de ser a única rapariga no seu local de trabalho que ainda não tem pretendente. Tal como as colegas de Momoko, Sakura não perde uma única oportunidade de sublinhar Momoko *ainda* é virgem.
Como dá para notar, este anime não tem praticamente história. Tal como Azumanga Daioh , é uma série-banda-desenhada. É episódico, pois simplesmente pega nas personagens e conta pequenas situações do ponto de vista delas, e não se preocupa muito em dar grande profundidade dramática às personagens nem tão pouco tenta ter significados especiais escondidos. A parte mais apelativa, por assim dizer, é o facto de esta série ser tremendamente ecchi…mas em vez de termos rapazes a babarem-se com “pantsu shots” e decotes generosos, são as raparigas que tomam o papel principal. [Ah, momento de glória em que acabei de citar um verso de uma música da Adelaide Ferreira no meio de uma review de anime.]
Para mim é estranho ver uma história de raparigas a falarem sobre problemas de raparigas porque estou tão habituada a ver o personagem genérico de anime x a conjecturar sobre como seria ter o período e se quando as raparigas têm orgasmos os seus mamilos ficam mais duros. Neste caso temos a Sakura que se proclama guru do sexo, aterrorizando tanto a sua irmã mais nova como a sua colega de trabalho, Yukari. Aliás, logo o ínicio da série é um teste: se conseguem aguentar uma conversa de gajas sobre depilação feminina, provavelmente vão gostar desta série, porque praticamente tudo o resto desde o mais inocente ao mais “ecchi” protagonizado por mulheres. O primeiro encontro, o primeiro beijo, o primeiro namorado, o primeiro casamento (ok, isto soa mais cáustico do que devia) , as mudanças no corpo e os compromissos feitos à medida que se envelhece são apenas alguns exemplos de problemas que ou Sakura ou Momoko vão ter de enfrentar (embora a série mantenha o seu tom leve).
As personagens são todas estereótipos exactamente para nos podermos rir delas. As mulheres falam de forma muito aberta e real sobre assuntos relacionados com a sexualidade e as relações entre homens e mulheres Sakura e as colegas de Momoko são as mulheres “over the top”, muito faladoras, seguras e sexuais. Yukari e Momoko são assaz introvertidas e inseguras quanto à maneira como se deve falar/agir com homens. Praticamente todos os homens (menos Akira, o namorado de Momoko) são tarados ou parvos. Que série mais real. Desculpem, não resisti a fazer a piada Whoopi Goldberg-iana do mês. Mas devido ao que disse anteriormente sobre o facto da série não ter uma história muito densa, as personagens são pouco ou nada desenvolvidas. São apenas dados os traços gerais de cada uma para depois podermos perceber porque têm esta ou aquela reacção em cada episódio.
A animação é… bem, como é que se diz “má” em japonês? Nem é bem ser má, é ser de 1998, embora eu saiba que provavelmente existiam animes nessa altura com animação aceitável mas a qualidade desta é mesmo…datada. Os “chara designs” são completamente chapa três, sem nenhum pingo de originalidade – o que chega a ser especialmente desmotivante pois tive de voltar a ver os primeiros episódios algumas vezes para perceber que Yukari e Momoko eram pessoas diferentes. Novamente, 1998. Pensem em “Sailor Moon” e ficam com uma ideia da qualidade da animação: é muito básica mas não desvaloriza o resto do anime.
Os genéricos também não são nada de especial embora eu nutra uma espécie de carinho especial pela música de abertura…é mesmo cliché-de-série-de-anime mas é engraçada. De resto a música em geral quase não se faz notar e as seiyuu são adequadas, não mais do que isso.
Há quem diga que este é o lado que nunca vimos em Azumanga Daioh. E acho que falo por toda a gente quando digo “ainda bem ;_; ” porque a última coisa que eu queria imaginar era a Chiyo-chan a ter o período. Mas àparte isso, Momoiro Sisters é uma série cómica com algum “ecchi” que nos diverte durante um bocado sem nos fazer cair da cadeira. Mais do que tudo é uma maneira mais divertida de explicar certas partes da vida das mulheres. Desafio , no entanto, os homens que estão a ler esta review a dizer que viram a série pois duvido que ela tenha algum interesse para eles.
Autor:Mafalda Melo