Este é um anime de ficção científica que nos fala de uma situação extrema frequentemente abordada em outros meios: o que fazer quando não há adultos por perto.
Ryvius é uma nave espacial onde vários estudantes treinam as suas capacidades para se tornarem pilotos, engenheiros, entre outras coisas. Devido a um acidente, os “adultos” são eliminados e estes alunos têm de tomar decisões de forma a sobreviverem num ambiente hostil, onde por vezes há inimigos, onde há falta de recursos e onde têm de manter a paz para conseguirem chegar a casa.
Assim, desenvolve-se uma série de acções, onde estes adolescentes acabam por se dividir, lutando uns contra os outros e criando um ambiente social caótico onde não se sabe quem vai ser o próximo a ceder à pressão e ser eliminado. É uma narrativa muito interessante, potenciada por um conjunto alargado de personagens que vivem esta história e se desenvolvem de forma estável. Estes personagens têm atitudes que, adequadas à sua idade, conferem consequências graves no progresso da narrativa, sendo essencial o seu desenvolvimento para que esta também aconteça.
Por outro lado, existe um certo elemento “mágico” na história, com a existência de alguns personagens observadores que têm algum tipo de poder misterioso e um robot gigante que não se sabe bem o que está ali a fazer. Na minha opinião, este aspecto poderia ter sido totalmente eliminado, pois acaba por tornar a história um pouco confusa e, no fundo, é desnecessário na progressão dos personagens neste universo fechado.
Para a época (1999), temos uma série com uma arte bastante boa, simples e limpa, com um “chara design” detalhado ao nível de todo o género de maquinaria e cenas de acção que não sendo espectaculares entregam as dão-nos as emoções necessárias. Talvez a paleta de cores seja um pouco escura para o tipo de anime, sendo que as paisagens espaciais poderiam ser melhoradas. No elemento “mágico” os designs são incapazes e não fazem sentido, mas creio que isso poderá ser ignorado na avaliação geral deste anime.
A minha parte preferida foi, sem dúvida, a banda sonora. Tudo começa com “dis-” um tema de abertura cheio de energia e estilo interpretado por Mika Arisaka, continuando com uma série de beats intensos e instrumentais orquestrais. No geral, funciona muito bem e traz grande energia a cada uma das cenas. Talvez o erro principal desta banda sonora não esteja na qualidade das músicas mas na forma como são utilizadas: muitas vezes a música prolonga-se além do necessário, para além da cena que representa e para dentro de outra que já não tem nada em comum com ela.
No geral considero Mugen no Ryvius (無限のリヴァイアス) um anime bastante bom e original dentro do género ficção científica e drama. Foi realizado por Goro Taniguchi (Code Geass) e produzido pelos estúdios da Bandai Visual e da Sunrise.
Mugen no Ryvius ou Infinite Ryvius como ficou conhecido no Ocidente é um anime daqueles animes “vintage” que se recomenda vivamente.
Escrito por: Carol Louve