Sendo eu um “cat lover” e tendo um gato em casa, sempre que descubro um anime, mangá ou outra coisa qualquer com gatos, a minha primeira reação é logo espreitar. Foi isso que aconteceu com o filme Nakitai Watashi wa Neko ou Kaburu (泣きたい私は猫をかぶる) que, numa tradução literal, quer dizer algo como “Quero chorar e fingir ser um gato” ou, para tornar o nome mais simples e curto, chamemos-lhe “Olhos de Gato”.
A história desta longa metragem tem o argumento de Mari Okada (Maquia e Her Blue Sky) e foi produzida no ano passado (2020), em plena pandemia, pelo Studio Colorido (Penguin Highway e Pokémon: Twilight Wings), Toho Animation e Twin Engine, e contou com a realização da dupla Junichi Sato e Tomotaka Shibayama.
Ao longo de 104 minutos vamos acompanhar a vida de Miyo “Muge” Sasaki, uma jovem estudante que se apaixona por Kento Hinode, um colega de escola. Embora tente “chateá-lo” todos os dias, ele nunca pareceu notá-la. Um dia, por acaso, descobre uma máscara com a qual se pode transformar num gato chamado Tarō e, assim, aproximar-se de Kento. Ao esconder um segredo que não pode contar a ninguém, Muge decide continuar a ter contacto com o seu colega, mesmo que seja na forma de um gato, porém, ela corre o risco de não poder voltar à forma humana.
Assim, partindo de uma fábula testemunhada por um bakeneko e protagonizada por pessoas e animais antropomórficos, “Olhos de Gato” fala-nos sobre o amor, mas também sobre preconceitos pessoais e como lidar com eles. Temos aqui uma história de busca pessoal ligada aos primeiros momentos de um relacionamento.
“Olhos de gato”, tem um grafismo de personagens bastante cuidado que até nos fazem lembrar outras personagens, de outros animes. Os backgrounds e cenários também são de uma riqueza gráfica e cromática que muitas vezes irão fazer-nos parar a imagem, para podermos apreciar toda aquela ambiência. A juntar a isto tudo temos ainda a banda sonora notável que conta com as músicas de abertura e encerramento “Ghost for a Flower” e “Usotsuki: The Lying Moon”, respectivamente, interpretadas brilhantemente pelo duo Yorushika.
Este filme é uma estranha aventura que nos faz lembrar o “clássico” filme dos estúdios Ghibli “A Viagem de Chihiro”, mas adicionando-lhe uma vertente mais romântica e uma viagem ao autoconhecimento. Contudo, apesar de ser/ter um lado introspectivo, também encontramos em algumas cenas do filme situações bastante divertidas, capazes de arrancar um sorriso ou mesmo uma gargalhada.
Em resumo, temos aqui um bom filme, uma boa proposta para vermos nestes dias de verão. E claro, se forem “cat lover” como eu, acho que deveria ser um título obrigatório para ver.
Escrito por: Fernando Ferreira