Há já algum tempo que os fãs de animação japonesa tem escolhido para as suas séries preferidas um sub-género neste universo que são os desenhos animados do país do Sol Nascente. Este sub-género não é exclusivo da animação, pelo contrário ele teve a sua primeira aparição na literatura. Precisamos de recuar até ao século XIX para conhecermos talvez uma das primeiras obras mais conhecidas a usar este sub-género.
O conceito tem origem na literatura japonesa antiga, particularmente na história de Urashima Tarō, um conto popular amplamente conhecido no Japão com o qual os escritores de Isekai cresceram. A história relata a vida do pescador Urashima Tarō, que salva uma tartaruga e é levado para um reino submarino maravilhoso, mas a história tem uma reviravolta: depois de passar o que ele acreditava ser de quatro a cinco dias lá, ele volta para sua aldeia natal apenas para encontrar ele mesmo 300 anos no futuro. Este conto folclórico foi adaptado para um dos primeiros filmes de anime, Urashima Tarō, de Seitaro Kitayama, em 1918. Outros precursores do estilo Isekai no Ocidente na literatura americana e inglesa, foram os romances Alice no país das maravilhas (1865), O Maravilhoso Mágico de Oz (1900), Peter Pan (1902) e As Crónicas de Nárnia (1950), entre outros.
No Japão, os primeiros títulos de anime e mangá que podem ser classificados como Isekai incluem Aura Battler Dunbine (1983), Fushigi Yûgi (1992) e El-Hazard (1995), séries nas quais personagens principais permaneceram com a sua aparência original ao entrarem num mundo diferente. Outros títulos dos anos 90 identificados como Isekai incluem os romances e séries de anime Twelve Kingdoms (1992) e Magic Knight Rayearth (1993). Já na década de 2000, o filme de anime Spirited Away (2002) do Studio Ghibli foi o primeiro anime conhecido mundialmente neste género Isekai, embora o termo não fosse usado na época. Desde então estes sub-género que tem o nome de Isekai sofreu várias alterações.
O termo Isekai (異世界 literalmente “mundo diferente”) é como dissemos um sub-género de light novels, mangás, animes e jogos de fantasia. A sua característica principal é o protagonista ser transportado ou preso num universo paralelo. Mas se ainda formos mais rigorosos podemos dividir este sub-género em dois tipos: 移世界転移 (leia-se Isekai ten’i, que em português significa algo como “transição para outro mundo”) e 異世界転 (leia-se Isekai tensei e que significa “reencarnação para outro mundo”). O primeiro, é onde o protagonista é transportado para outro mundo, e era mais comum encontrar-mos em obras mais antigas. Enquanto que a segundo género tornou-se mais comum nestes últimos anos, e neste tipo temos um protagonista que morre no seu mundo original e renasce num outro mundo.
Muitas vezes, estes universos já existem no mundo do protagonista como um universo fictício, mas também pode dar-se o caso destes universos serem desconhecidos para ele. O novo universo pode ser um mundo completamente diferente, onde apenas o protagonista tem algumas lembranças da sua vida anterior, como acontece na série Youjo Senki ou então também pode ser um mundo virtual transforma-se num mundo real, como em Log Horizon e Overlord.
Este sub-género pode pelo protagonista, que é NEET (acrónimo que significa “Não na educação, emprego ou estágios”), hikikomori (pessoas geralmente jovens, entre quinze a trinta e nove anos, que se retiram completamente da sociedade, de modo a evitar o contacto com outras pessoas) ou um gamer, que é transportado para um universo paralelo após morrer, ser invocado ou encontrar alguma espécie de portal. Nesse novo mundo, o protagonista poderá ser capaz de adquirir ou evoluir habilidades exclusivas desse universo paralelo, tais como magias, ou ter a completa ausência e a incapacidade de possuir essas habilidades, como em Re:Zero, onde o protagonista não ganha nada além da capacidade sobreviver à morte numa espécie de loop temporal. Em outros casos, o protagonista será capaz de utilizar conhecimentos e habilidades de seu universo de origem neste mundo novo, como em No Game No Life que voltou a ser transmitido no canal 2 da televisão portuguesa.
Mais recentemente, o género tornou-se tão popular, com o aparecimento de séries de sucesso como Re:Zero, KonoSuba e Sword Art Online. Devido à sua popularidade, há uns dois anos atrás, vários concursos japoneses de light novels proibiu quaisquer histórias do estilo isekai. Também a grande editora Kadokawa Shoten proibiu histórias de Isekai no seu próprio concurso de light novels.
E vocês gostam deste estilo? Que séries/mangás ou light novels acompanharam ou estão a acompanhar?
Escrito por: Fernando Ferreira
J.P.
Com tantos géneros e subgeneros bem que podiam apostar noutras ideias diferentes que até já existem e poderiam ser um sucesso. Ex: Game of Thrones anime ou por exemplo a época dos descobrimentos sem tanta fantasia de One Piece.
t3tsuo
Pois tens razão… o problema agora é que a maioria dos animes são baseados em jogos ou “light novels”.
Quanto ao Game of Thrones tens uma cena também “medieval” que é a recente série Vinland Saga. Está muito boa e o mangá está mesmo excelente.