Produzido por Hiromasa Yonebayashi e adaptado da obra de Joan G. Robinson, “When Marnie Was There” é um filme de animação envolto numa densa carga de drama e mistério, que foi lançado no Japão a 19 de Julho de 2014, tendo sido transmitido em Portugal apenas a 7 de Abril de 2016.
Omoide no Mānī relata a história de Anna Sasaki de 12 anos de idade que vivia em Sapporo. Anna era uma menina com uma personalidade bastante fechada, de carácter inseguro, reservado e tímido, refugiando-se no seu grande talento, que era desenhar. Anna sofria de uma doença respiratória crónica, asma e é durante uma aula de desenho levada a cabo no exterior que ela tem um ataque, acabando por desmaiar.
Anna, já em casa é examinada por um médico e Yoriko, sua responsável, revela a este a sua condição física, para além do seu comportamento introvertido, que a impedia de fazer amizades. Ambos chegam à conclusão que o melhor para Anna seria mandá-la para um lugar em que o ar fosse mais puro e limpo e esta acaba então por viajar para Hokkaido, ficando em casa de Kiyomasa e Setsu, que eram seus parentes.
Em Hokkaido Anna ia viver grandes aventuras com uma menina chamada Mānī, da qual se torna grande amiga, uma espécie de irmã e confidente, revelando-lhe os seus segredos mais profundos, o facto de ser adotada e da pessoa que toma conta dela receber dinheiro em troca, pelo que vive deprimida com esse facto. Em contrapartida a própria Mānī também lhe conta que se sente só e é maltratada pelas suas criadas e pela sua ama, pois os seus pais estão sempre em viagem, e pouco a visitam.
Cúmplices uma da outra tentam-se ajudar mutuamente na superação dos seus maiores pesadelos e medos. Mas o que Anna não sabia é que Mānī não era real e a mansão onde esta morava, a Casa March, pela qual sentira um grande fascínio, e como era assim conhecida por pertencer a uma família de estrangeiros abastados, ficando localizada na costa da baía, era habitada por outra pessoa, Sayaka.
Anna e Sayaka tornam-se assim boas amigas e juntas resolvem explorar a verdade sobre Mānī, que é descoberta através de um diário que esta deixou, e pela ajuda de Hisako, que era sua amiga de infância e que constantemente aparecia no cimo da encosta que dava para a baía, desenhando-a, devido ao encanto que também sentia pela tal mansão.
Graças ao diário, a Sayaka e a Hisako, Anna conseguiu perceber a verdadeira história das suas origens que tanto a desesperava, permitindo-lhe assim seguir em frente, abrir o seu coração ao mundo, e encarar Yoriko como se fosse realmente a sua mãe biológica.
Omoide no Mānī é uma narrativa cheia de sentimentos, em que há um viajar ao longo do tempo, em que a história de Mānī se intercala com a de Anna, caminhando lado a lado, mesmo havendo um fosso de separação entre ambas, já que elas pertencem a épocas diferentes e viveram em diferentes alturas temporais. A sua relação não conhece obstáculos, havendo desde o início uma forte ligação que as une, um laço de união, de amizade e sobretudo de sangue, pois embora não sabendo de imediato, Mānī era familiar de Anna, isto é, sua avó.
A sua presença ao longo da trama mostra a intensa espiritualidade existente, pois embora Mānī não fosse um fantasma, Anna era a única que a podia ver, pelo que através do elo que as unia, Mānī conseguia aparecer a Anna, como querendo que esta soubesse da sua existência e que na realidade Anna nunca tinha estado sozinha. Mānī apesar de tudo, indiretamente tinha estado lá também para ela, cuidando dela, amando-a, como uma avó a uma neta.
Desta forma, o espírito de Mānī parecia mais vivo do que nunca, e foi assim que Anna pôde fazer contacto com a sua avó, poder conhecer verdadeiramente o seu passado e saber que no fundo, sempre teve quem gostasse dela.
Quem adora e conhece os animes do Studio Ghibli, este é sem dúvida mais um grande exemplo do maravilhoso trabalho e da espetacular imaginação dos criadores de animação japoneses, pelo que é uma excelente sugestão que honestamente não devem perder.
Escrito por: Mia Mattos