Um dos filmes de animação que passou ao lado de muitos fãs ou que pelo menos não se ouviu muito falar entre a comunidade portuguesa foi Rascal Does Not Dream of a Knapsack Kid (que como curiosidade faz hoje precisamente um ano que estreou nas salas de cinema japonesas), um filme de drama sobrenatural romântico baseado numa série de “light novels” escritas por Hajime Kamoshida e ilustradas por Kēji Mizoguchi.
O filme de 73 minutos é produzido pela CloverWorks, realizado por Soichi Masui e é uma sequela do filme Rascal Does Not Dream of a Sister Venturing Out.
O filme foca-se em Sakuta Azusagawa, que lida com sentimentos de invisibilidade e abandono, refletindo as lutas que outros personagens enfrentaram com a enigmática “síndrome da puberdade”. A invisibilidade de Sakuta surge metaforicamente dos seus problemas não resolvidos com a mãe, que se afastou após traumas familiares. A jornada para a reconciliação destaca o processo doloroso, mas libertador, do perdão.
Uma das principais mensagens do filme é o poder transformador da vulnerabilidade. O arco de Sakuta muda de cuidador estoico para alguém que precisa confrontar as suas feridas emocionais, um processo muitas vezes negligenciado em narrativas convencionais. A reunião com a mãe e a restauração dos laços familiares oferecem uma resolução tocante, sublinhando a importância de enfrentar o passado para seguir em frente.
Visualmente, o filme oferece uma experiência sólida, mas contida, focando-se mais na ressonância emocional do que no espetáculo visual. A animação é consistente com o filme anterior, criando um cenário familiar e realista. A banda sonora criada pelo grupo japonês Fox Capture Plan, embora não seja particularmente inovadora, sublinha eficazmente os momentos emocionais e retoma temas musicais da série original.
Em termos críticos, o filme consegue fornecer uma conclusão satisfatória para os enredos pendentes, especialmente ao centrar-se no crescimento pessoal de Sakuta e nas suas relações em evolução. No entanto, alguns críticos apontam que a narrativa pode parecer previsível, particularmente na forma como resolve a condição de Sakuta, que reflete dispositivos narrativos usados anteriormente na série.
Em suma, Rascal Does Not Dream of a Knapsack Kid é uma exploração comovente da adolescência e da maturidade. Proporciona aos fãs um olhar aprofundado sobre as complexidades do crescimento emocional, da dor e da beleza inerentes à reconciliação familiar.
Embora possa faltar o esplendor visual de outros filmes de anime, destaca-se ao oferecer uma história profundamente pessoal que ressoa com aqueles que acompanharam a jornada de Sakuta.
Escrito por: Fernando Ferreira