Estão todos tão entusiasmados como eu? Há mais ou menos um ano, quando foi anunciada uma nova série anime de Sailor Moon, eu mal podia esperar. Adiamento atrás de adiamento, finalmente Pretty Guardian Sailor Moon Crystal foi anunciada para dia 5 de Julho de 2014 e com distribuição online em simultâneo com o Japão através dos canais Niconico Douga e Crunchyroll.
Às vezes, depois de 18 volumes de manga, 5 séries, 200 episódios, uns tantos episódios especiais, três filmes, musicais, mais uma variedade gigantesca de merchandise, CD’s e assim por diante, seria de pensar que também depois de uma série live-action uma 6ª série de Sailor Moon seria esticar a corda. Mas se isto pode acontecer com determinadas séries ou filmes, que depois de certa quantidade cansam, com os clássicos, sim, Sailor Moon é um clássico, às vezes dá para ir repescando a fórmula, em intervalos estrategicamente pensados, sem cansar os fãs mais antigos.
Quando soube da série live-action tive uma primeira reacção de desprezo, já se tinham passado 10 anos desde a estreia da manga e anime e pareceu-me tudo uma pirosada. Mas Naoko Takeuchi e a sua equipa de marketing são muito espertos, deixaram passar tempo suficiente, sem deixar que a chama se apagasse, de forma a gerar novos fãs entre as miúdas pré-adolescentes, que iriam assim descobrir este universo, também através das suas mães, que teriam acompanhado Sailor Moon no seu auge. Pretty Guardian Sailor Moon revelou-se extremamente cativante, um elenco principiante razoável, mas entusiasmado e empenhado, uma produção cuidada e cara (as explosões com napalm!) e as mudanças à história original, mantendo uma coerência visual muito fiel, foram refrescantes e não estragaram o espírito geral. Depois desta experiência já encaro Pretty Guardian Sailor Moon Crystal de outra forma, percebendo mais claramente a mesma estratégia passados outros 10 anos e com a curiosidade a fervilhar para ver o que daí vem.
Entretanto, durante este ano de atrasos sucessivos, onde também se comemoram os 20 anos de Sailor Moon, a Bandai e outras empresas associadas têm andado a tentar o fã de Sailor Moon mais distraído com todo o tipo de artigos, parte réplicas dos objectos antigos mais cobiçados (os compactos, agora com pó de arroz, a reedição da manga, a 3ª) mas desta vez dirigidos a jovens adultas, com maquilhagem real, roupa e figuras com uma qualidade sem precedentes.
Ainda pouco se sabe no que resultará esta série, só que será mais fiel à manga e não tão longa (26 episódios). Pelos desenhos já se vê que são mais colados ao traço de Naoko Takeuchi, quase como se tivessem pegado directamente nos desenhos dela e dado um acabamento a cor mais limpo e digital. A tecnologia actual permite isso, não esqueçamos que os 200 e tal episódios, filmes, etc. foram praticamente feitos inteiramente à mão. Quantas horas de trabalho e quantas pessoas dá isso? Demasiadas para me apetecer fazer as contas! As canções já não serão as mesmas e serão cantadas pelas Momoiro Clover Z, mas mantiveram a fantástica Mitsuishi Kotono como a voz da Usagi.
Para mim, se a história for mais fiel à manga, quase nem quero saber se o trabalho artístico é bonito ou feio, pois a história na manga é menos delicodoce, mais intensa, profunda e muito mais interessante.
Resta saber se Portugal irá pegar novamente em Sailor Moon, se o fizerem espero que o façam com respeito, com uma boa tradução e sem mudanças de sexo aos gatos. A esperança é a última a morrer, não é? Público existe, mas as raparigas manifestam-se mais discretamente que os rapazes e é provável que os responsáveis da programação televisiva, permanentemente distraídos em relação a tudo o que foge um pouco à norma, nem saibam que Sailor Moon está viva e recomenda-se!