Após uma guerra que devastou um planeta imaginário muito semelhante à Terra, as pessoas voltaram a ter uma vida bastante primitiva, vivem em pequenas aldeias e cultivam a terra pacificamente. Os samurais, muitos dos quais haviam mecanizado seus corpos para as batalhas, vivem agora como vagabundos errantes (“rurouni” é o termo em japonês) e muitos deles organizam-se em grupos para saquear e aterrorizar vilas pacíficas, que não tem outra saída a não ser pagar-lhes tributos em arroz e mulheres.
O chefe duma dessas aldeias propõe contratar samurais para que lutem contra os bandidos. Para isso Kirara, a jovem sacerdotisa da aldeia, parte para a cidade em companhia da sua irmã mais nova Komachi e do jovem Riki, levando uma carga de arroz com a qual pretendem contratar samurais dispostos a aceitar o serviço em troca da comida, bastante escassa nas cidades. Embora os samurais a quem pedem auxílio comam o arroz, eles depois se mostram ofendidos com a ideia de serem contratados para lutar contra os temíveis bandidos em troca de tão pouco. Apenas Katsushirou, um jovem aspirante, decide ajudá-los em sua busca.
De repente, eles vêem uma criança sendo usada como refém por um bandido, enquanto um espalhafatoso samurai-máquina ameaça destruir uma casa toda para salvá-la. Nesse momento surge Kambei, um mestre samurai desencantado com a vida, que salva a situação com muita habilidade. O amuleto que Kirara carrega indica que Kambei é o homem que procuram, e ela toma a si a difícil tarefa de convencê-lo a ajudá-los. Quando finalmente consegue, Kambei lidera a busca por outros samurais dispostos a lutar contra os bandidos, mas os problemas começam a aumentar quando o filho de um rico mercador tenta raptar Kirara. Apesar de ter todos os soldados da cidade em seu encalço, o grupo vai crescendo pouco a pouco com a adição de outros homens notáveis. A batalha pela aldeia trará repercussões profundas e inesperadas a suas vidas e a toda a sociedade.
A produção desta série foi milionária ficou a cargo de Takizawa Toshifumi e foi acompanhado pelos famosos estúdios Gonzo. Kobayashi Makoto e Kusanagi Takuhito apesar de serem dois criadores “novatos” e ser este o seu primeiro anime como prova de fogo, o “chara design” não ficou em mãos alheias e fizeram um excelente trabalho. A design de personagens está muito bem escolhido e bastante semelhante ao original e a animação é muitíssimo cuidada. As cores óptimas e bastante atraentes devido ao uso da computação gráfica (CG) mas sem exageros. O traço por vezes é estilizado, mas bastante agradável. As cenas de luta também estão com muita qualidade e vão aumentando com o decorrer da série, mantendo-a com um bom ritmo narrativo e visual.
Por ter sido uma produção cara, o elenco de “seiyuu” como não podia deixar de ser conta com nomes bastante importantes: Koyasu Takehito (Ukyo em Samurai7, Aoba Shigeru em Evangelion, Kiryuu Touga em Utena, entre muitos outros), Miki Shinichiro (Kyuzo em Samurai7, Kurtz Weber em Full Metal Panic!, Fujiwara Takumi nas três primeiras seasons de Initial D), Saito Chiwa (Komachi em Samurai7, Lavie Head em Last EXILE) só para citar alguns dos nomes, mas também contou com alguns actores caloiros com é o caso do “Samurai-máquina” interpretado por Kong Kuwata.
A banda sonora também está muito boa e bastante enquadrada com a série quer nos momentos mais leves quer nos mais intensos com a defesa da aldeia. e ficou a cargo de um dos nomes mais conceituados na criação de bandas sonoras para anime. Wada Kaoru, um dos nomes mais conceituados na criação de OST de anime, além da excelente banda sonora de Samurai7 tem também no seu curriculum animes como Inuyasha, Ninja Scroll e Gilgamesh.
A narrativa em Samurai7 não é feita de “forma linear” ou seja Kambei (o líder do grupo de 7 samurais) retrocede na história com as suas lembranças ruins da guerra e o mesmo acontece com os outros samurais e com os camponeses. A criitica social não foi esquecida e é-nos mostrada pela forma como os mercadores, os samurais, os bandidos e os agricultores interagem.
Apesar de ser um anime com um ambiente “sério”, não faltam alguns momentos de humor providenciado especialmente pela pequena Komachi e o samurai-máquina Kikuchiyo, que é espalhafatoso e sempre metido em confusões. Mas mesmo os protagonistas mais “sérios” também têm boas tiradas de humor.
Samurai7 é uma adaptação do clássico filme Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa (que também teve um “remake” americano como “Os Sete Magníficos”) e segue bem a linha do filme original (tirando a questão dos mechas, é claro).
Um dos aspectos mais interessantes neste anime é a facilidade com que podemos traçar um bom paralelo entre as personalidades dos samurais originais e aqueles do anime e as relações pessoais e sociais básicas continuam lá. No ínicio, podemos achar estranho o facto de misturar mechas e samurais e essa história dos “samurais-máquinas” ainda não está muito clara (chegamos até a suspeitar que isto tenha sido uma manobra à la Samurai Jack, para facilitar a penetração na série nos EUA, evitando chocar o público com o derramamento de sangue).
Ao longo de 26 episódios que compõem a série Samurai7, os fãs de histórias de samurais e de mechas, que querem boas cenas de acção ou as pessoas que gostam de personagens carismáticos e um enredo bem desenvolvido não ficarão decepcionados. A excelente animação e o bom traço, com detalhes muito inteligentes (como a maquiagem dos ricos mercadores e emissários da corte), também é um grande atractivo para quem gosta de anime de qualidade.
Ainda sem data marcada esperamos que a estreia já anunciada de Samurai7 na televisão portuguesa traga novos fãs para este mundo da animação japonesa e cative ainda mais os fãs que por cá já andam à bastante tempo.
Escrito por: Selma Meireles