Aqui temos uma história de um mundo futurista. Como é habitual temos um povo oprimido, um lugar onde viveriam melhor que é inatingível e um grupo revolucionário à la Vendetta que vai resolver a situação. Adicione-se uns punhais misteriosos e magia negra e temos anime!
A concepção do mundo é sem dúvida original, assim como a política inerente ao seu controlo. É uma situação bastante possível num futuro próximo, basta copiarem a ideia. O universo de Shangri-La, sem contar com meninas pequenas com estranho talento para a economia, é uma realidade muito próxima a nossa e isso é de valor. Mas as situações caem no lugar comum com enorme facilidade e assim temos um bom conceito pouco aproveitado.
A história peca pela evidência. Porque é que é necessário ser a miúda adolescente a líder incontestável da guerrilha? Sobretudo quando ela só toma más decisões? Porque é que, convenientemente, o líder do grupo governamental, é psicopata e maligno? Porque é que a líder do poder económico é uma miudinha mimada? Porque é que, no final de tudo, o destino do país, mundo e universo acabam nas mãos de uma perturbada criança com poder mágicos inexplicáveis? Para quê a magia, afinal? São estas perguntas que demonstram as falhas deste anime.
Os personagens variam entre o detestável (miúda do cabelo rosa, estou a olhar para ti) e o adorável (travecas! travecas!) Apenas a personagem principal tem algum tipo de desenvolvimento, se bem que as revelações dos hobbies secretos da gente de Akihabara foram bastante engraçados. O desenvolvimento é firme, mas Shangri-La não consegue sair da simplicidade, acabando por não desenvolver os dilemas de uma criança que se torna líder de uma guerrilha. Kuniko chora porque tem de chorar quando os seus companheiros morrem, mas não lida com essa situação a nível interior.
A animação está bastante boa, com cenas de acção bastante originais que têm recursos estranhos (como boomerangues que arrebentam com tanques).
A música, o tema de abertura interpretado por pela cantora pouco conhecida May Nakabayashi (Macross Frontier e Accel World) e o de encerramento pareceram-me pouco apropriadas e retiram seriedade à série. O resto da banda sonora está adequada, mas não trás nada de novo.
Com este anime acho que compreendo uma coisa. Eu não estou farta de anime. Eu estou farta de anime em que as crianças são o elemento principal numa guerra. Não faz sentido em nenhum aspecto e é cansativo ter de aturar as más decisões destes miúdos escolhidos. Shangri-La é só mais uma prova disto.
Shangri-La (シャングリ・ラ) apareceu inicialmente como um “light novel” escrito por Eiichi Ikegami e ilustrado por Kenishi Yoshida, inspirada no famoso romance “Lost Horizon” do escritor británico James Hilton. Foi publicado na revista Newtype entre Abril de 2004 e Mayo de 2005; e depois foi lançado num único volume e reeditado numa edição de dois volumes. Em 2009, os estudios Gonzo produziram a versão animada.
Escrito por: Carol Louve