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Shashinkan

É no período áureo da Era Meiji (final do século XIX) e numa altura em que a fotografia ainda dava os seus primeiros passos que se centra a história desta curta metragem de apenas 16 minutos realizada por Takashi Nakamura e produzida pelo Studio Colorido em 2013.

A história começa quando um casal, ele vestido com uniforme militar ela com um elegante vestido europeu chegam de riquexó a um estúdio de fotografia situado no topo de uma colina. Muitas pessoas visitam este estúdio para tirar fotos. A mulher senta-se para o retrato, mas é tão tímida que baixa sempre a cabeça. Para tentar resolver a situação e roubar um sorriso à sua cliente, o dono do estúdio tenta todos os tipos de truques para fazê-la sorrir e acaba por ter sucesso.

É assim que começa a relação com esta mulher e com a sua futura família. Um ano depois, o casal volta, mas desta vez eles trazem a filha. Ela parece estar sempre mal-humorada e, novamente, o fotografo faz trinta por uma linha para que ela sorria um pouco para nessa altura poder tirar o retrato. A partir daqui começa um relacionamento de longa duração entre a jovem miúda e o proprietário.

E ao longo da curta metragem vamos assistindo às várias visitas que esta vai fazendo ao longo dos anos e décadas. Vamos também reparando no vínculo e na cumplicidade entre a “modelo fotográfico” e o fotografo criando em nós espectadores a crescente expectativa para ver se a mulher finalmente cederá e sorrirá para a câmera.

A arte neste anime é definitivamente incrível e este aspecto talvez seja dado porque foi filmado em widescreen (21: 9). As personagens tem um traço diferente do que estamos habituados a ver, ou seja, foge completamente ao estilo “anime-ish”, com uma conectividade com o mundo real bastante grande como se fossemos nós a exprimir aquelas emoções. Os cenários são outro dos pontos fortes desta animação pois além de estarem excepcionalmente bem desenhados e com cores vivas eles também contam uma história dentro da história principal.

Em simultâneo com as visitas ao estúdio de fotografia também vamos assistindo às mudanças dramáticas que aconteceram na capital japonesa. Desde os tempos da Era Edo, através da devastação do Grande terremoto de Kantō de 1923, a ascensão do nacionalismo no Japão, a segunda devastação de Tóquio devido aos bombardeamentos americano e os shinkansen e os edifícios modernos que cresceram no período pós-guerra.

O filme não tem diálogo, mas tem uma banda sonora composta por uma peça de música clássica magnífica e adorável da autoria de Jun Ichikawa que se enquadra perfeitamente na curta metragem.

Apesar de durar apenas 16 minutos, Shashinkan (寫眞館) é uma curta metragem visualmente deliciosa e incrivelmente emocionante que consegue trazer ao espectador um pequeno brilho de alegria. Para concluir, recomendo Shashinkan a todos e de certeza que não se vão arrepender de o ver pois cada “frame” é uma obra de arte só por si. Para o verem basta procurarem pelo youtube que facilmente o encontrarão.

Escrito por: Inês Esteves

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