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Steamboy

Steamboy de 2004 era o aguardado novo projecto de Katsuhiro Otomo após a realização do objecto de culto que é Akira (1988). No entanto a sua estreia não foi um sucesso e passou muito despercebido nas salas de cinema. Em Portugal pelo que sei nem estreou. A sua temática provavelmente desapontou muitos que desejavam mais uma obra Cyberpunk como o anterior filme ou que fosse na onda de Matrix ou Ghost In The Shell. Mas desta vez Otomo tinha decidido enveredar por uma temática que começa a ganhar o seu canto na Ficção Científica, o Steampunk.

Por Steampunk, entende-se normalmente a exploração de realidades alternativas da Época Victoriana e princípio do Século XX mas onde o poder da tecnologia chegou precocemente e muitos mundos como os normalmente descritos por autores como Julio Verne e H.G Wells são efectivamente realidade. São estranhas visões em que o poder do vapor alimenta poderosos submarinos, navios, aviões e até naves espaciais. Alguma vezes mesmo os computadores já são aí uma realidade. Exemplos recentes mais conhecidos destes mundos são A Liga dos Extraordinários Cavalheiros (vertente mais victoriana) criado por Alan Moore, Wild Wild West (que aborda uma visão mais Western) ou as Cidades Obscuras (numa abordagem mais Arte Nova e Art Deco) de Schuiten e Peeters.

O filme centra-se na história de um rapaz, Ray Steam, seu pai e avô em plena Inglaterra victoriana. A família Steam são puros génios na manipulação do poder do vapor e escondem segredos e ideias que todos desejam ter. É uma bela fábula e ensaio sobre o uso que se dá à ciência. Aborda a ética e o preço que é necessário pagar para que a ciência avance e o modo como essas descobertas são usadas em benefício da Humanidade.

Este incompreendido filme que demorou uma década a ser realizado foi o mais caro feito no Japão em animação. Recorre a técnicas animação 3D mas apresenta um look tradicional como nos habitou por exemplo Hayao Miyazaki (A Viagem de Chihiro, a Princesa Mononoke). Com cenários encantadores que recriam por exemplo a Primeira Grande Exibição de Londres é um filme delicioso de se ver e uma bela reflexão moral. O argumento é algo linear e pouco profundo reconheça-se, e a forma como grande parte da história é contada no final é desapontante. No entanto como já disse a mensagem é forte e o imaginário visual do filme é o melhor de tudo.

Portugal já conhece uma edição DVD deste filme mas infelizmente não teve direito a uma versão de colecionador com um segundo disco de Extras. Recomenda-se então a importação já que duvido que venhamos de outra forma a conseguir uma bela edição como a versão americana.

Autor:Nuno Barros (omeupiupiu.blogspot.com)

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