Este OVA de 25 minutos, produzido em meados dos anos 80, foi um dos primeiros trabalhos em animação dos famosos estúdios Gainax (Neon Genesis Evangelion, Kareshi Kanojyo no Jijyo) em parceria com a Tezuka Produtions.
O anime mostra-nos uma bizarra corrida de obstáculos de três miúdos (negros) no meio de uma suposta civilização. Ora, isto ao início pode parecer horrivelmente racista, mas cheguemos ao fim do anime para percebermos a ironia desta corrida!
As cenas sucedem-se sem aparentarem ter qualquer elo de ligação entre umas e outras. No fundo, é uma mostra rotativa de símbolos, mas que poderão eles significar neste contexto? Creio eu que a grande pedra que gira é a liberdade e a aventura, a possibilidade de se viver sob uma perspectiva diferente.
No entanto, quando choca contra o grande cilindro, parece que tudo termina. O que será o cilindro? Vejo-o como o objecto que “apoia o mundo”: a sociedade, o consumo, a vida em si. Que depois é destruída por uma personagem de anime numa avioneta? Será que tudo isto significa que ainda somos livres, se nos dedicarmos àquilo que gostamos? Mas aconselho a verem o filme para tirarem as vossas próprias interpretações.
O filme é baseado no manga de Fujiwara Kamui e conta com uma forte inspiração no clássico de Jamie Uys, Os Deuses devem estar loucos. O manga foi publicado na revista Monthly Super Action.
Infelizmente, e como era de prever a animação é datada (1985), embora tenha algumas sequências muito interessantes no respeitante à variedade de frames. Temos algum uso de cor que funciona muito bem, mas ao nível de “backgrounds” acaba por falhar devido à fraqueza do desenho em si. O design de personagem é da autoria de Masami Saito que tem no seu currículum animes como Black Jack ou Death Note.
A parte que mais gostei foi, sem dúvida, a música. Ouvimos alguns temas de hip-hop quase vanguardistas, sobretudo tendo em conta a época.
The Chocolate Panic Picture Show (ザ・チョコレートパニック・ピクチャーショー) é uma curta bizarra, irónica e cheia de situações que depois de vistas poderão dar azo a imensas interpretações (numa conversa de café). Em suma, ver este OVA não é tempo perdido e é sempre interessante conhecer um pouco mais do que se fazia há 20 anos atrás e vermos toda a evolução que esta industria teve.
Escrito por: Carol Louve