Há pouco mais de uma semana um dos grandes mestres da animação japonesa deixou-nos. Leiji Matsumoto, é conhecido por ter sido ou autor de obras como: Capitain Harlock, Space Battleship Yamato e Galaxy Express 999 entre outras, e o seu trabalho sempre se pautou por dar uma grande importância à psicologia e valores aos seus protagonistas e tendo sempre uma tendência crítica à opressão e à moral dos diferentes países em alturas de guerra.
The Cockpit (ザ・コクピット, leia-se Za Kokupitto) é baseado no mangá Battlefield escrito por Matsumoto no inicio dos anos 70 e relata os acontecimentos sobre o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial. Anos mais tarde este mangá foi adaptado em très OVA (Original Video Animation) escrita e dirigida por Yoshiaki Kawajiri, Takashi Imanishi e Ryousuke Takahashi.
A primeira história apresenta-nos Erhart Von Reindhas, um piloto de caça que cai com na infelicidade de ser considerado um covarde por ter saltado de pára-quedas quando o seu avião Focke-Wulf 190 A4 foi atingido num ataque aéreo. Marcado como descumpridor de ordens, Erhart terá uma segunda hipótese para se defender.
Para isso tem uma missão de escoltar um bombardeiro que carrega material secreto e muito perigoso. Contudo, uma namorada do passado junto com seu pai cientista avisam que chegar ao destino seria o pior cenário. Com ética e dever para com o Japão, o protagonista terá que escolher novamente se segue as instruções ou aceita o que sua consciência lhe manda…
Na segunda história vamos conhecer Nogami, um piloto kamikaze, que pilota “The Cherry Blossom”, um avião considerado por muitos que é sinónimo de morte é certa para quem o conduz. Inicialmente o bombardeiro não consegue chegar ao porta-aviões americano no Oceano Pacífico, mas tentará com outro esquadrão no dia seguinte, pois a proximidade do alvo é fundamental para o sucesso.
Passando a noite com os seus colegas de frota, Nogami vê que a guerra está quase perdida, enquanto conversam e partilham histórias pessoais. As horas vão passando mas as suas convicções não diminuem, está a chegar a hora para a sua última missão…
Com o título de Iron Dragon temos a terceira e última história que tem como protagonistas principais dois soldados japoneses que ficam encarregados de regressar à base, um por causa de uma promessa feita, o outro para ajudá-lo a cumpri-la. No entanto, ambos temem que seja em vão, pois a possibilidade de ser ocupada pelos inimigos é muito alta. Num sidecar restaurado, os dois vão-se conhecendo e, à medida que correm, o fim de suas carreiras aproxima-se…
A parte visual é muito boa e o desenho das máquinas é perfeito. Os aviões são fiéis à realidade e cada um deles tem o peso do que era na época, velocidade, altura, armas. Cada cena de acção é feita para não ser pesada e apesar de serem poucas, os minutos de combate valem muito e dão um sinal mais a esta animação.
Do elenco de “seiyuu” deste anime fazem parte: Kenyu Horiuchi no papel de Lt. Rheindars, Hikaru Midorikawa dá voz a Ensign Nogami, Ichirō Nagai como Private Kodai e Kappei Yamaguchi é Private Utsunomiya. A banda sonora e a música tem pouca presença para dar uma maior ênfase aos diálogos. Onde vamos escutar mais música é em situações mais stressantes e quando temos em acção a parte bélica.
Este OVA dividido em 3 episódios de 30 minutos cada foi lançado em 1993 e contou com três estúdios de animação na sua produção por isso também vamos encontrar design de personagens diferentes. Cada estúdio ficou com o seu episódio, ou seja, a Madhouse ficou responsável por produzir o primeiro, a Jacom o segundo e por fim a Visual 80 ficou com o último.
Em suma, apesar de ser um anime vintage e a animação ser bastante diferente do que é hoje, estes três OVA são recomendados para quem gosta da temática de guerra e vêem-se bastante bem. Além disso foi inspirado no trabalho do grande mestre Matsumoto, e é bom não esquecermos os grandes mestres.
Escrito por: Fernando Ferreira