Tomei conhecimento desta série depois de saber que Mari Yamazaki, a autora do manga viveu vários anos em Lisboa. O primeiro contacto chegou com a versão manga, depois veio a série animada e por fim o “live-action”, e o resultado final foram momentos de pura diversão… há já algum tempo que não me divertia tanto com uma série japonesa.
Em poucas palavras podemos resumir Thermae Romae como um anime que fala sobre os banhos e tudo o que envolve essa prática de higiene diária na antiga Roma e no Japão actual. Enfim, Thermae Romae não é um elogio ao gosto comum que romanos e japoneses têm pelo banho, mas um dos elogios mais rasgados ao Japão, à sua cultura e ao seu povo. Raramente vi um anime ou li um manga onde fosse tão declarado um tom de patriotismo exacerbado, mas o tom comédia acaba por diluir este ufanismo.
Com um total de 6 episódios curtos (que variam entre os 9 e 13 minutos), que na verdade é uma série de 4 episódios isto porque os episódios 3 e 4 são primeira e segunda parte de uma história e nos episódios 5 e 6 acontece a mesma situação.
Decorria o ano é 128 d.C., e Roma era governado pelo Imperador Adriano, e o protagonista da história Lucius Modestus, um arquitecto especializado em projectar casas de banho, está a um passo de perder o emprego por ser acusado de obsoleto e pouco inovativo em questões de design. Certo dia, Lucius é sugado pelo ralo de uma piscina em casa de uns amigos. Um ralo que ais parece um buraco negro que lhe permite fazer uma viagem espacio-temporal. No final da viagem pelo ralo, ele chega ao Japão actual e a experiência é repetida a cada episódio. Estas viagens acabam por mudar a vida de Lucius e a forma como encara a cultura romana e seu trabalho como arquitecto.
O arquitecto não entende nada de japonês, nem os japoneses entendem o que o romano fala. Em alguns momentos, ouvimos a língua japonesa distorcida para nos mostrar que para Lucius nada faz sentido. Noutras alturas, Lucius fala em latim. Aliás, a marcação da passagem do tempo está escrito em latim.
Este anime parece ter sido feito à pressa e com recursos baixos. A animação parece ser em flash e o design de personagens também não apresenta os tradicionais estereótipos da animação japonesa. O facto de ser baseado num manga premiado pelo grande prémio Tezuka Sho talvez tivesse levado os autores da animação a fazer uma produção mais de baixos recursos e sabendo de antemão que oa versão “live-action” virai também poucos meses depois. Assim quase que podemos ver estes 6 episódios como se fossem um grade “teaser” para o longa-metragem que estava a chegar, e que saiu na sala dos cinemas japoneses há quase um ano.
Mesmo em termos de piadas visuais, Thermae Romae não traz nada de novo, mas na mistura da cultura e história da Roma antiga e Japão actual, a série soma pontos e destaca-se. Situações hilariantes, momentos completamente “nonsense”, e uma animação em “flash” não deixam o espectador defraudado (se forem um amante da animação no geral), isto porque toda esta doideira acaba por casar bem com a série.
Resumindo Thermae Romae é um anime curto, hilariante e que que têm o condão de mostrar à maioria das pessoas que não está por dentro da cultura do banho japonês como tudo acontece, e quem sabe ficar surpreendido com algumas das práticas higiénicas. Divirtam-se.
Escrito por: Fernando Ferreira