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YKK : Quiet Country Cafe

E se após um grande desastre ambiental, as pessoas – em vez de tentarem aniquilar-se uns aos outros pela terra restante – simplesmente continuassem a sua vida? “Yokohama Kaidashi Kikou” versa sobre isso, de uma maneira assaz original. A tradução directa do titulo é “Relato de uma Viagem de Compras a Yokohama”, e o titulo reflecte o mundo intimista a que nos quer transportar.

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Após um grande conflito, capaz de marcar permanentemente o monte Fuji e submergir o estado de Yokohama, as grandes metrópoles irão ruir e haverá um café no campo sempre á nossa espera. No entanto, o próprietário está ausente, mas uma jovem rapariga acorda todos os dias para abrir e nos receber. Infelizmente, o edifício está afastado das vias principais de comunicação, e a estrada de terra batida que leva ao café não é convidativa ao casual visitante por lá aparecer. Alpha, pois esse é o seu nome, suspira pelo regresso do seu dono. Mas, nesse dia, algo vai acontecer que vai muda permanentemente a sua condição de vida.

Quiet Contry Cafe é o segundo de uma série de OAVs de edição limitada (que começaram em 2002 com Yokohama Kaidashi Kikou) editados pela Sony Music Japan, e relatam o extenso mundo criado por Hitoshi Ashina, de um mundo calmo, parado no tempo, mas ao mesmo tempo rodeado por tecnologia. A vida continua, e as pessoas adaptam-se. Já não há lugar para a fúria ou a vingança, apenas a necessidade enraizada de uma existência normal. E é isso que vemos. Os motivos das pessoas são simples, as suas necessidades são as mais corriqueiras possíveis. E, as suas amizades são sinceras.

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É difícil classificar este OAV num estilo particular. Não é uma obra romântica para raparigas, e não é uma emocionante aventura para rapazes. Yokohama Kaidashi Kikou, a animação, é um object’d art. Existe para ser visto, para descrever um instante efémero na existência do personagem principal, como um documentário fictício.

E para isso contribui a banda sonora de CHORO CLUB. Armado apenas de instrumentos de corda, o ambiente sonoro é marcadamente New Age, e as construções sonoras simples tornam-se quase hipnóticas, literalmente fazendo-nos querer afundar no sofá com o lânguido som das guitarras e baixos. Num dos momentos memoráveis do 1º OAV, Alpha toca “gekkin”(um aparelho semelhante a um banjo que já podem ter visto um filmes de epoca chineses), e mostra a mestria com que uma paisagem sonora deste tipo pode ser bem utilizada.

Enquanto escrevo isto, a minha mente devaneia sobre uma questão essencial: Embora a animação utilize truques digitais e objectos 3D em vários momentos, faz os possíveis para que tal seja completamente transparente ao espectador. No entanto, o design de personagens de Hitoshi Ashina não é particularmente moderno ou detalhado, e embora a adaptação tenha dado às personagens uma uniformização gráfica que falta ao manga, ainda não me agrada a 100%.

Também, ostensivamente, deixei grande parte do enredo de parte. Numa série que vive de pequenos detalhes, o enredo de Quiet Country Café é uma pequena peça da engrenagem que torna o primeiro visionamento maravilhoso. Por exemplo, não fui completamente honesto com as origens da Alpha, e há uma ponta de um romance assumido, quase infantil, entre Alpha e outra rapariga chamada Kotone. Estes eventos, a sua encenação e a maneira como tais são revelados, são uma amostra de que o director desejava que nos integrássemos neste mundo onde não fomos convidados (assumo eu, para o manga).

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Repito, efusivamente, que isto não é para todos – Quiet Country Café faz jus ao nome. Se acharam que Serial Experiments Lain era lento e sem eventos, ou que a Haibane Renmei falta romance, essas séries parecem o Akira em relação a estes OAV’s. É uma obra aborrecida, com os eventos a escorrerem a conta-gotas. Mas, se quiserem algo para se encostarem e pensar na bondade do ser humano, então poucas cosas o fazem melhor que estes 60 minutos.

Escrito por: Nuno Sarmento

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