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[Entrevista] : AJA

Recentemente um dos pólos de atracção do Anime Weekend Aveiro 2006, evento dedicado ao animé/mangá e cultura japonesa, foi o stand da AJA (Amigos Japoneses Antigos), um grupo de pessoas que tem por grande paixão os automóveis antigos. O ClubOtaku aproveitou a oportunidade e realizou esta pequena entrevista para dar conhecer estes “otaku” motorizados.

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Contem um pouco da história da AJA e quais são os seus objectivos?
O AJA foi criado em Maio de 2003 com o objectivo de reunir pessoas interessadas pelo restauro e informação sobre carros antigos de origem japonesa. A ideia teve aceitação e permitiu reunir pessoas de norte a sul do país com diversos modelos das diferentes marcas. O primeiro objectivo era este.
Com a consolidação do “projecto AJA” apostamos na divulgação da história da indústria japonesa automóvel, bem como, no incentivo á compra e restauro de carros japoneses segundos princípios de originalidade. O convívio entre os seus membros foi algo de imperiorso junto a estes dois objectivos.

Além de divulgarem o automóvel japonês em Portugal, que outras actividades têm?
As actividades do AJA visam o incentivo á compra e restauro de viaturas japonesas. Para este objectivo realizamos encontros de carácter informal e uma vez por ano um passeio em regularidade histórica, e também, um encontro nacional. Promovemos tertúlias sobre métodos de restauro e temas relacionados com os carros antigos, em relação ao desporto automóvel para além da regularidade histórica realizamos sessões gratuitas de formação para navegadores de ralis de regularidade histórica.

O AJA prevê para 2006 a realização de uma reunião de pilotos nacionais que competiram com carros japoneses nas décadas de 70 e 80, e também a participação no Rali dos Alpes em regularidade.

Para a reconstrução dos modelos antigos a AJA rege-se por uma filosofia denominada JDM. Em que se baseia esta filosofia?
O AJA promove, sempre, o restauro das viaturas segundo a originalidade. A filosofia JDM – Japanese Domestic Market – é uma área para aqueles que pretendem restaurar os seus carros mas segundo princípios de desporto automóvel. O que a distingue das “filosofias” de restauro europeias ou americanas têm haver com alterações especificas que eram feitas no mercado japonês.

Ou seja, caso o carro não seja restaurado segundo a sua originalidade então que seja modificado de acordo com os padrões da época, em especial os japoneses. No mercado japonês procura-se tornar o carro mais rápido e seguro mantendo uma estética discreta e sóbria. Um termo europeu que se pode usar para exemplificar esta cultura de modificação é “Fast and Low Profile”. Um exemplo concreto: A escolha de jantes passa invariavelmente por jantes inglesas, e nos menos esclarecidos, por jantes actuais. Defendemos o uso de jantes japonesas ou que semelhantes ás usadas no Japão.

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Quantos automóveis japoneses tem actualmente a AJA na sua “colecção”. E agora uma pergunta ingrata: quais são os preferidos?
O AJA tem um carro oficial, é uma Toyota Corona SW de 1977 que está activa mas em restauro permamente. Procuramos que os membros se envolvam no restauro, uma espécie de restauro comunitário. É uma viatura de apoio ás actividades do AJA e que, em certas situações, é usada pelos convidados dos eventos.

Preferidos não temos. Incutimos isso mesmo a todos os membros. Para o AJA uma viatura comercial dos anos 80 vale tanto como outro carro qualquer. O que interessa é o espírito do dono e a estima que tem pelo seu carro. Como é normal sobressaiem os modelos mais populares em Portugal e os mais exóticos da industria japonesa. Se tivéssemos que dar uma resposta concreta talvez respondêssemos que os preferidos são os japoneses antigos da década de 60, pela sua importância e raridade.

Como é que o mercado automóvel nacional vê os carros japoneses? Sabem me dizer qual a quantidade de automóveis japoneses existentes em Portugal?
Ainda existem milhares de japoneses antigos das décadas de 60 e 70 em circulação. É a prova mais clara da qualidade muito superior da industria japonesa, a maior parte destas viaturas ainda desempenha funções de “dia-a-dia”. A Toyota e a Datsun chegaram a ser líderes de mercado e, conjuntamente, detinham uma grande quota de mercado. Isto demonstra a boa aceitação que as marcas japonesas tiveram no nosso país, facto ao qual não eram alheias a qualidade de construção e fiabilidade, comportamento, equipamento e baixos custos de manutenção que caracteriza os automóveis japoneses.

Recentemente estiveram no Anime Weekend Aveiro, um evento dedicado à cultura japonesa em especial o animé e o mangá. O que acharam do evento e qual foi a receptividade das pessoas ao vosso stand da AJA?
Foi uma agradável surpresa. A adesão de publico superou todas as expectativas, em especial os entusiastas de anime e mangá. Neste evento estivemos em parceria com a Salvador Caetano Aveiro – concessionário da marca Toyota para os distritos de Aveiro e Coimbra – parceria essa que nos permitiu expor mais alguns carros emblemáticos e também proporcionar aos visitantes um resumo da história da Toyota e da empresa Salvador Caetano que representa em Portugal esta marca desde 1968.

Este foi um evento diferente daqueles a que estávamos habituados, a recepção foi boa e a imagem de carros antigos e que marcaram a industria automóvel mundial que pretendiamos passar foi bem acolhida pelos visitantes. O momento alto desta exposição foi a visita prolongada que o Srº Embaixador do Japão concedeu ao stand do AJA e o incentivo para continuarmos esta “luta” pela imagem dos carros japoneses antigos.

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Por falar em animé. Tem conhecimento que alguns dos associados gostem de animação japonesa, em especial a série de culto Initial D onde o personagem principal conduz um Toyota Sprinter Trueno/Levin?
Praticamente todos os membros do AJA, em especial aqueles que gostam de automóveis desportivos, conhecem a série. A viatura da personagem principal foi vendida cá em Portugal na versão Levin e é conhecida por Corolla GT Twin Cam (nome de código AE86 ou Hachiroku). Esta série tem ajudado muito á procura elevada que existe sobre este modelo, em especial por condutores muito jovens.

Os mais experientes apreciam o carro pelas suas qualidades dinâmicas e de performance á época e todo o passado desportivo que teve em Portugal, chegando mesmo a ser Campeão Nacional de Ralis em 1984 pelas mãos de Jorge Ortigão. No Initial D aparecem muitos outros carros de culto japoneses.

Voltando á vossa comunidade. Actualmente quantos membros tem a AJA?
O AJA está numa fase de transição em que procuramos torna-lo mais físico e menos dependente do fórum. Pegando no fórum, que foi onde tudo começou, tem actualmente cerca de 190 membros que corresponderá a cerca de 50% dos membros activos. Em 2003 realizou-se o 1º Encontro Informal Norte que contou com 8 viaturas, hoje em dia e após 6 edições conta habitualmente com 60 viaturas. Este evento a par da Regularidade Histórica e do Encontro Nacional são os que reúnem mais entusiastas.

Como é que uma pessoa que tenha o gosto pelos automóveis japoneses como vocês pode entrar em contacto com vocês? E já agora para pertencer à AJA é preciso sermos possuidores de um carro japonês?
Através da participação nos nossos eventos, da conversa no nosso fórum em www.amigosjaponesesantigos.com ou e-mail (AJATeam@hotmail.com). O AJA é uma comunidade de entusiastas sem quotização. Para “pertencer” ao AJA não é preciso ter carro, apenas espírito AJA que consiste no culto aos modelos japoneses, espírito de equipa para ajudar o AJA a crescer e o convívio espontâneo e desinteressado com os seus membros.

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Querem aproveitar para deixar alguma mensagem para os leitores do Clubotaku ou a futuros amantes dos automóveis antigos japoneses?
Ainda sobre os carros japoneses antigos, em Portugal foram montados diversos modelos de diferentes marcas, como o Corolla e Datsun 1200, Honda Civic entre outros, devido ás quotas de importação. Isto permitiu um relacionamento ainda mais próximo entre os dois países.

Nesta entrevista mostramos a nossa forma de ver o Japão, o ClubOtaku tem uma maneira diferente de o ver que nos suscitou muito interesse. Como entusiastas que somos de tudo o que é japonês desejamos que o ClubOtaku continue com o sucesso que tem tido até aqui e que ambos os Clubes possam encontrar-se noutras ocasiões para elevar a cultura Japonesa.

Entrevista por: Fernando Ferreira

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