Toda a gente sabe que no Japão o mercado dos jogos de video é imenso. Há imensas e grandes softhouses a fazer jogos de todos os tipos e para todos os gostos. Mas ao mesmo tempo também existem, pessoas algumas delas anónimas que querem um dia chegar a esses lugares de grandes criadores de jogos.
O ClubOtaku entrevistou o multifacetado Dong, um dos mais conhecidos criador de “doujin games” (jogos feitos por amadores) do Japão que nos fala dos seus projectos e dos seus sonhos.
Tens imensos projectos mas és mais conhecido pelos teus jogos, por isso gostavamos de saber qual foi o primeiro jogo que fizeste, e quando te juntaste a um circulo de criadores.
O meu primeiro jogo foi “The teenage girl shoot ‘em up”, que foi criado utilizando o Tonyu System. A mecânica é baseada num antigo jogo de acção para DOS chamado Fray. É muito diferente do meu segundo jogo, Boidtrancer.
Não pertenço a nenhum círculo de momento. Gosto de fazer os jogos e controlar todo o processo. Por isso é que faço jogos como amador.
Pareces ser influenciado por jogos antigos, tens algum jogo ou sistema favorito?
Os meus jogos favoritos são Sim City, The Incredible Machine e o Total Annililation.
Gosto de jogos que sejam construtivos. Gosto de descobrir e apreciar o jogo à minha maneira. Não me agradam pontuações ou contra-relógio porque acho que restringem as maneiras de uma pessoa apreciar o jogo.
Quais são as tuas ferramentas favoritas para criação de jogos e música?
Utilizo principalmente o Gamemaker para fazer jogos. É uma maneira fácil de um designer criar jogos. Utilizo tambem o Orion para fazer música devido ao seu preço razoável 🙂 Adicionalmente, utilizo um PC-98, um antigo PC DOS Japonês, para fazer chiptunes. Só tem 3 canais PSG e 3 canais FM Synth. Tens de utilizar uma antiga linguagem de programação para fazer som.
Também tens estado a trabalhar com várias pessoas para produzir versões inglesas dos teus jogos gratuitos. Como é que essa ideia começou?
Quando encontrei um vídeo de Wisplisp Heehaw no YouTune, descobri que o texto estava ilegível. Eu quero que os meus jogos sejam jogados por estrangeiros. Acho que a linguagem é uma grande barreira, por isso comecei o EngRish Games (um blog dedicado à produção amadora de jogos).
Os jogos criados por independentes são muito populares em todo o mundo. Até as grande companhias estão a abrir as portas a este mercado. É este o futuro dos videojogos?
Há dois tipos de criadores no Japão. Uns criam jogos comerciais, e outros fazem jogos como arte. As novas plataformas como a Wiiware e iPhone são bons para os primeiros.
Em relação a isso, sabemos que vais escrever um livro sobre desenvolvimento de videojogos. Podias-nos dizer um pouco mais?
Estou a escrever um livro sobre GameMaker. Quero escrever algo vocacionado para os não-programadores, como os designers gráficos. Acredito que eles podem ampliar o alcance do que é um jogo.
Como criador, tenho a certeza que já estiveste no Komiket, o maior evento da comunidade anime/manga no Japão. Fala-nos da tua experiência.
É apenas um festival. Vendo alguns CDR’s que incluem os jogos dos meus amigos, mas não faço lucro. Posso comunicar com outros criadores e jogadores lá. Além disso, é bom local para arranjar beta-testers.
Além dos jogos também tens uma Netlabel. Como é que isto aconteceu?
Inicialmente, a netlabel 16dimensional começou como um projecto pessoal. Acho que o meu objectivo em termos de chiptune é diferente do popular formato de chiptune 8-bit. Procuro um som mais sério.
A netlabel cresceu porque encontrei outros artistas que têm a mesma inclinação de fazer este tipo de música.
Quais são as tuas influências musicais?
Gosto de YMO, Kraftwerk, e muitos músicos indie.
Vimos na tua página pessoal alguns esboços e conceitos de personagem interessantes. Tencionas criar manga ou anime? Tens algum manga favorito?
Eu gostaria de criar manga e anime. Mas não sou muito bom a criar uma história. O Nanosmiles tem uma pequena introdução animada. Os meios visuais são muito importantes para mim.
O meu manga favorito é Parasyte. É excitante e provocador do princípio ao fim.
Quais são os teus planos a curto e longo prazo? Podes-nos revelar alguns deles?
Tenciono tornar os meus projectos open source. Isto quer dizer, que todos os meus jogos e música poderão ser modificados. A longo prazo, quero contribuir e tornar a netlabel e os “doujin games” mais populares.
Onigiri ou Ampan?
Onigiri. O Arroz é a vida.
Verão ou Inverno?
Verão. Não consigo acordar no inverno, o meu quarto é mais frio que o exterior.
Perfume ou Morning Musume?
Morning Musume. Estou cansado do som electro típico.
Gundam ou Evangelion?
Gundam. Gosto do design do Zaku II.
Tokyo ou Osaka?
Tokyo. Tokyo = Akihabara para mim 🙂
Queres deixar alguma palavras para os leitores do ClubOtaku?
Vamos comunicar e divulgar a nossa cultura! Há muita cultura, não é só anime e manga, há também os chiptunes e os jogos independentes.
Autor:Nuno Sarmento e Fernando Ferreira