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[Entrevista] : Kazuhiro Soda

MENTAL foi um dos filmes do realizador Kazuhiro Soda que passou no Festival Nippon Koma, realizado todos os anos na cidade de Lisboa. Soda está tambem na fase final do seu novo documentário intitulado PEACE. O ClubOtaku esteve à conversa com este realizador de documentários e conhecer um pouco melhor a sua carreira. Fica aqui a conversa registada:


01. Depois de terminares o curso de cinema na Tokyo University’s School of Visual Arts foi para os Estados Unidos. Porquê essa decisão?

Não, eu licenciei-me na Universidade de Tóquio em Estudos Religiosos, e depois, entrei na School of Visual Arts em Nova Iorque para o curso de realização cinematográfica. Eu era muito novo e não sabia o que iria fazer depois de me licenciar. Foi aí que apareceu a ideia de tornar-me realizador. No momento a seguir, já estava em Nova Iorque, sozinho com uma mala na mão.

02. Começou a fazer curtas metragens só nos Estados Unidos ou começou ainda no Japão?
A minha relação com a criação cinematográfica no Japão era praticamente nula. Eu nem gostava assim tanto de cinema. Não sei como é que esta ideia chegou até mim, mas depois de começar a realizar apercebi-me instantaneamente que era uma coisa que devia ter feito há muito mais tempo.

03. Pode dizer-nos como é o seu processo criativo? Onde é que encontra material para criar novos documentários ou curtas-metragens?
Agora gosto de falar sobre documentários, isto porque é uma coisa que faço diariamente. É o meu trabalho. tenho uma lista de temas sobre o que quero filmar e de pessoas que me dão permissão para os filmar. Não faço qualquer tipo de pesquisa nem tenho encontros com ninguém antes de filmar, isto porque não gosto de criar preconceitos. tento observar a realidade à minha frente enquanto filmo e edito, e só mais tarde, é que vêm o meu ponto de vista.

04. O que é preciso para se realizar um bom documentário?
A vontade de se abrir ao mundo e aprender algo que desconheces. Se abraças as tuas ideologias e ideias pré-existentes, não podes fazer bons documentários, pois não vais descobrir nada.

05. E por falarmos em documentários. Qual vai ser o seu próximo projecto e o que podemos esperar dele?
Acabei recentemente o meu novo documentário intitulado PEACE. Espero que alguns festivais de cinema em Portugal o escolham para fazer parte do programa. Estou também a trabalhar num documentário sobre o director Oriza Hirata e a sua companhia de teatro.

06. Tem algum documentário preferido que quisesse partilhar connosco?
Os filmes de Frederick Wiseman são extraordinários.


07. Penso que Senkyo(Campaign) é o seu mais recente filme e é um documentário sobre a democracia japonesa e os seus políticos. Actualmente, qual é a sua opinião sobre a política japonesa?

CAMPAIGN não é o meu último filme. Depois de CAMPAIGN realizei MENTAL, e depois, PEACE. A política japonesa é muito complicada para ser discutida aqui. É um problema muito profundo.

08. Além dos seu trabalho como realizador de curtas e documentários, tem outro projecto que achei bastante interessante. Falo do seu projecto Anime Dance Theater. Pode-nos falar um bocadinho mais sobre este projecto?
Anime Dance Theater é uma companhia de dança dirigida pela minha mulher Kiyoko Kashiwagi. Ela é bailarina e coreógrafa. As Anime Dance são peças cómicas com personagens e histórias estranhas ao estilo anime e não se usa qualquer palavra. Toda a história é contada por paços de dança, mímica e gestos. Estamos a planear realizar uma longa metragem com Anime Dance.


09. Em 2007, Portugal viu alguns dos seus filmes no festival Nippon Koma (Lisboa). Recebeu algum feedback do público português?

Eu penso que o MENTAL também esteve no festival Nippon Koma. E sim, recebei reacções positivas aos filmes via e-mail.

10. E o que sabe sobre Portugal e sobre o cinema português?
Sei muito pouco sobre cinema português, mas respeito imenso o senhor Manoel de Oliveira. Ele é um dos meus heróis.

11. Umas últimas palavras para os leitores do ClubOtaku.
Provavelmente os leitores do ClubOtaku gostarão mais de anime, o que é bom, mas os documentários sobre o Japão também são bastante interessantes no dias de hoje. Por esse motivo, porque é que não estendem o vosso gosto e vêm os meus filmes? Hahaha.

Autor: Fernando Ferreira

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