Durante um transporte de plutónio altamente radioactivo o exército japonês detecta um acontecimento, no mínimo, estranho. Um atol move-se em direcção à frota naval nipónica em pleno Oceano Pacífico. Imediatamente foi dado o alerta para esta situação “anti-natura” e foram chamados dois especialistas, o primeiro-oficial Yoshinari Tonemori (Tsuyoshi Ihara) e o Dr. Naoya Kusinagi (Akira Onodera) para estudar o facto.
Ao mesmo tempo os habitantes da ilha de Himegami são alarmados por uma chamada telefónica do professor Hirata, um estudioso e ornitologista da ilha. Seguindo as pistas deixadas pelos 17 nativos desaparecidos, a Dra. Mayumi Nagamine (Shinobu Nakayama) e o Inspector Osako (Yukijiro Hotaru) descobrem os primeiros vestigios de um passáro-réptil pré-histórico a que chamam de Gyaos.
No atol, uma equipa de militares encontra dois colares de pedra e uma outra com inscrições proféticas. Um dos pendentes é oferecido à jovem Asagi Kusanagi, interpretada por Ayako Fujitani. à medida em que o filme avança, o pendente vai-se tornando vital para a relação entre Asagi e a tartaruga gigante.
Quando a enorme tartaruga encontra Gyaos é chegado a hora da luta, onde todos ficam à espera para ver o combate e o resultado final. Mas será Gamera um aliado dos humanos ou um inimigo? Com o exército mobilizado para parar ambos os monstros quem avançará para salvar a humanidade?
Até aqui podemos achar que o argumento é igual a tantos outros kaiju (filmes com monstros), mas as semelhanças acabam mesmo aqui. O excelente “script” escrito por Kazunori Ito e a direcção artistica de Shuske Kaneko fazem deste “Gamera – Guardian of the Universe” (1995) um dos melhores filmes de Kaiju dirigidos pelos estúdios Toho. Apesar de algumas cenas inspiradas em “Ghidarah The Three Headed Monster”, “Jurassic Park”, e “Godzilla vs. Mothra”.
O guião escrito por Ito dá-nos um contexto ambiental e histórico de como apareceram estas criaturas que foram Criadas por uma civilização antiga. Embora Gamera proteja os seres humanos neste filme, o seu principal objectivo é a protecção da Terra. Nesta luta de gigantes a humanidade quase que tem um papel secundário, apesar de terem alguma habilidade para interagir com os monstros.
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Também os efeitos especiais criados por Shinji Higuchi são brilhantes. Ele consegue fazer com que Gamera tenha um olhar realístico e “humano”. A escolha de Gyaos para ser o adversário de Gamera foi pelas suas anteriores aparições em outros filmes da tartaruga gigante. Infelizmente, Gyaos não teve o mesmo tratamento que Gamera e facilmente verificamos que a a ave pré-histórica não passa de uma mero fantoche. mesmo assim a animação deste monstro está com uma qualidade brutal e não é razão para afastar o espectador.
No elenco escolhido para este filme temos uma curiosidade, a jovem Ayako Fujitani que aqui interpreta o papel de Asagi Kusanagi e que também participou como actriz nas sequelas da tartaruga gigante, Gamera 2: Region shurai (1996) e Gamera 3: Iris kakusei (1999) é filha do actor Steven Seagal. Fujitani também é autora de um romance intitulado “Shiki-Jitsu” que teve direito a um filme realizado por Hideaki Anno (Neon Genesis Evangelion). Com uma sonoridade bastante militarista, a banda sonora muito ao estilo dos filmes de Hollywood é eficaz e cumpre a sua função perfeitamente.
Estamos perante mais um filme clássico de Kaiju (filmes de monstros) por isso a recomenda-se este título para todos os fãs dos monstros japoneses ou mesmo para quem quer começar a dar os primeiros passos neste tipo de cinema. Esperamos então que as palavras da jovem Asagi ” (…) Ele voltará. Gamera vai voltar! (…)” se tornem realidade.
Autor:Fernando Ferreira