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Hiroyasu Kondo

«Albert Einstein disse que o movimento é energia. Eu acredito que movimento é som.» – Hiroyasu Kondo

Existem alguns nomes que podem figurar na galeria dos notáveis da alta-fidelidade: Peter Walker (Quad), Franco Serblin (Sonus Faber), Dan D’Agostino (Krell). Mas poucos despertam um misto de curiosidade e reverência como Hiroyasu Kondo, o fundador da Audio Note e projectista daquele que muitos consideram como o melhor amplificador alguma vez criado.

Hiroyasu Kondo (1937?-2006) vive a sua infância rodeado de monges budistas, entre eles o seu pai. Talvez o facto de ouvir frequentemente os cânticos religiosos no templo tenha sido o mote para a sua paixão pela música. Mas de certeza que dele herdou o autodidactismo, ele que construía sozinho aparelhos de som.

Em 1953, com 16 anos, Kondo tem uma experiência que o marca de forma indelével: assistiu no Carnegie Hall à interpretação da “Sinfonia do Novo Mundo”, de Dvorák, conduzida pelo Maestro italiano Arturo Toscanini. Ainda assim, não foi antes de 1976 que pôde dar asas ao sonho de criar um aparelho que reproduzisse o mesmo som que ouviu nessa sala. Antes foi professor de engenharia electrotécnica e ensinou questões moleculares aplicadas à metalurgia. Trabalha ainda no desenvolvimento de mecanismos digitais de gravação e como Engenheiro de gravação para a Sony. Contudo, a dimensão e cultura da empresa (na sua opinião, representativa da colectivista sociedade nipónica) toldavam-lhe os anseios criativos.

Assim, Kondo-San sai da Sony/CBS no ano de 1975, para no ano seguinte fundar a Audio Note. O seu primeiro produto foi um pré-amplificador de microfone e, depois desta criação, surge a seguinte questão: se a prata é melhor condutora do que o cobre será que, ao utilizarmos fios de prata, obteremos um melhor som? Contudo, uma análise microscópica permite constatar que os filamentos de prata eram bastante imperfeitos, o que era um obstáculo. Kondo-San parte assim para o desenvolvimento de uma técnica de fabricação de fio de prata que resulte em filamentos uniformes.

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Desta forma, os amplificadores de Hiroyasu Kondo passam a usar filamentos de prata em detrimento do cobre, sendo esta uma das razões (outra é a produção artesanal da maioria das peças) para que um modelo Ongaku (“Música”) tenha um preço final na ordem dos 65000€. Isto por um aparelho que produz uns “míseros” 27W por canal. Mas cada um destes watts vale ouro musical.

A corrente defendida por Kondo-San é minoritária, não só no Japão – onde existe uma forte tradição de amplificadores muito potentes – mas praticamente em todo o mundo. Aparelhos muito pouco eficientes e pouco potentes, que exigem uma escolha de colunas muito delicada. Mas em relação aos seus críticos, Kondo defende-se da seguinte forma: “muitos fabricantes japoneses dão grande importância à resposta em frequência e ao equilíbrio tonal, negligenciando a imagem [sonora]. Estão errados ao fazê-lo, pois estão a pensar como electricistas”.

E o facto é que, contrariando todas as leis da física, o Ongaku continua a manter-se no pedestal como um dos melhores amplificadores alguma vez construídos e Hiroyasu Kondo como um dos maiores alquimistas do áudio de todos os tempos.
Autor:Ricardo Salbany Carvalho

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