Quem conhece um pouco a história do país do Sol Nascente sabe que, depois da Segunda Guerra Mundial, os japoneses puseram mãos à obra e alcançaram um elevado crescimento económico para sair da depressão que a guerra lhes tinha trazido
Um dos maiores crescimentos que pudemos assistir no Japão foi o aumento do mercado editorial, em especial nos livros e revistas infantis. Estas publicações tinham como objectivo primordial o divertimento e o aumento da literacia naquele país.
Neste pequeno texto deixamos alguns exemplos (sem qualquer ordem) de obras que foram bastante importantes na época e que ainda o são depois de mais de 70 anos.
ぐりとぐら(Guri to Gura)
Escrito por Rieko Nakagawa e ilustrado por Yuriko Omura, Guri e Gura conta a história de dois ratos que gostam de cozinhar. Certo dia, encontram um ovo enorme e decidem fazer um grande bolo e convidar todos os animais para comê-lo. Esta história é uma das mais famosas e populares no Japão e o livro foi publicado em 1963.
いないいないばあ(Inai Inai Baa)
‘Baa’ é a voz dos pais para assustar alegremente o seu bebé. Diz-se esta palavra quando os seus pais tiram as mãos da face do bebé para depois taparem a sua cara. É um livro inspirado numa brincadeira tradicional que conta com a participação dos animais. Traduzindo o título do livro para português temos algo como “Não estou aqui, não estou aqui… Baa”e foi o primeiro livro japonês para os bebés, publicado em 1967, da autoria Miyoko Matsutani (texto) e Yasuo Segawa (ilustração). Ainda hoje é bastante conhecido passado estes anos todos.
Além do mercado livreiro crescer imenso neste período, também houve outro “boom” no mercado editorial. É nesta altura que começam a aparecer as primeiras revistas de mangá para o público mais jovem, quer para as meninas (shoujo) quer para os meninos (shonen). Todas estas revistas ainda estão no activo e continuam a ser publicados milhares de exemplares mensalmente (ou semanalmente) não só no Japão como em todo o mundo através da globalização que a cultura pop japonesa tem assistido ao longo dos anos.
Destacamos três revistas para os meninos (shonen manga) que saíram nesse período: Shonen Magazine (少年マガジン) que começou a ser publicada a 17 de Março de 1959, a Shonen Jump (少年ジャンプ) lançou o seu primeiro número em 1968, e no ano seguinte saiu Shonen Champion (少年チャンピオン).
Alguns dos mángas, dessas revistas, transformaram-se em animes nos programas de animação popular, por exemplo: はじめの一歩 (Hajime no Ippo),ドラゴンボール(Dragon Ball), キン肉マン(Kin-niku man), etc.
Para as meninas (shoujo manga) as primeiras revistas apareceram primeiro do que para os rapazes e a mais antiga é a Nakayoshi (なかよし) que apareceu nas livrarias em Dezembro de 1954 e que abriu as suas páginas com o grande clássico リボンの騎士 (Ribon no Kishi ou na versáo em português do Brasil pela JBC, A Princesa e o Cavaleiro ) de Osamu Tezuka, no ano seguinte tivemos a Ribbon (りぼん) e quase uma década depois saiu a Margaret (マーガレット).
Também estas revistas viram algumas dos seus mangás serem transformados em séries de animação, como por exemplo: ときめきトゥナイト(Toki-meki tonight), 伊賀野カバ丸(Iga-no Kabamaru), キャンディ・キャンディ(Candy Candy) e mais recentemente カードキャプターさくら(Card Captor Sakura), entre outras.
Ainda hoje muitos japoneses compram estes livros do período da segunda metade de Showa (1955-1988) para oferecerem às novas gerações. Quanto às revistas todas elas ainda estão a ser publicadas e mostram que mesmo com o passar do tempo ainda continuam a ditar as “modas” da banda desenhada japonesa.
Escrito por: Aki Fujishiro