Soba

É costume os japoneses quando mudam de casa recberem soba dos vizinhos e do seu senhorio. É uma tradição que remonta aos finais do Período Edo (1603-1868) e a que os japoneses deram o nome de soba da mudança.

Em japonês, a palavra soba além de ser o nome do ingrediente também tem o significado de “perto”, daí a oferta dos vizinhos. A soba que é uma massa de fios longos e que não se parte facilmente simboliza também o sentimento e desejo que os vizinhos auguram para esta nova amizade, que seja tão próxima, longa e resistente, como os fios do soba.

O trigo sarraceno, com que é feito o soba, foi trazido da China no Período Jomon (14000 a.C. – 200 d.C.), mas só passado algum tempo (Período Edo) é que o trigo começou a ser consumido na forma de massa, adquirindo o formato actual, longo e resistente. Entre os anos 710 e 794, no Período Nara, o trigo era consumido cozendo-o como o arroz. Com o passar do tempo, novas variantes foram surgindo, misturando-se água ao trigo (soba-gaki) ou recheado com verduras em salmoura (tsukemono) ou com feijão vermelho (soba-mochi).

Mais tarde, começou-se também a misturar farinha de trigo, que era escassa, ao trigo sarraceno que era mais abundante por se dar melhor em terras áridas. Para se dar mais consistência, passou-se a utilizar outros ingredientes que eram misturados à massa: inhame, alga marinha e ovo, adquirindo a forma actual, chamada soba-kiri.

Hoje o soba faz parte do dia-a-dia da culinária japonesa, adicionando-se caldo quente ou frio, mas há o costume do consumo em ocasiões especiais: o toshikoshi- soba, é o consumido na passagem do ano, costume mais rigorosamente seguido do que o misoka-soba, consumido no último dia de cada mês.

A tradição do soba da mudança já não é tão popular como nos tempos em que não havia os “profissionais da mudança” e eram os parentes e vizinhos que entravam em acção, mas permanece o costume de se degustá-lo entre os que ajudam o novo inquilino a instalar-se na sua nova residência.

Escrito por: Fernando Ferreira