“Speed, Glue & Shinki” (em japonês スピード・グルー&シンキ) formaram-se no Japão em 1970, a partir das bandas “Food Brain” (Shinki Chen, Masayoshi Kabe) e “Zero History” (Joey “Peppe” Smith). Contratados pela gravadora Atlantic, tinham como objetivo tornarem-se famosos o suficiente para conquistar a Europa e os EUA, figurando ao lado de bandas como Cactus e Led Zeppelin, lançadas pelo mesmo selo.
Apesar de não terem conseguido tamanha façanha, lançaram dois discos excelentes contendo um heavy rock blues pesado com pitadas de psicadelismo. Este segundo album, Speed, Glue & Shinki, originalmente lançado em formato de vinil duplo no ano de 1972, também é conhecido como “o album dos dois lados do tigre” e impressiona pelo seu clima de hard rock “tosco” e bem pesado.
As duas primeiras faixas, derrubam tudo o que estiver pela frente.
“Sniffin & Snortin Pt. 1” na melhor linha hard rock-blues da banda “Cactus” e “Run and Hide” com sua bateria cadenciada e guitarra matadora, convida todos a abanarem a carola, como fazem os “Headbanguers”.
“Bad Woman” começa com um clima meio “Deep Purple” por causa do teclado Hammond e emenda com um baixo extremamente saturado na melhor linha pesada dos “Cream” e dos “Mountain”.
Pelo lado mais hard blues, o vocalista adopta um vocal com timbre rouco que chega a lembrar “Johnny Winter”, assim como em “Flat Fret Swing”, estilisticamente semelhante, mas que usa somente baixo e guitarra.
“Red Doll” inicia com um teclado sinistro, meio “Black Sabbath”, mas prossegue como um hard blues que lembra imediatamente a excelente banda “Living Blues” (holandeses), quando utilizam arranjos e climas similares em suas musicas.
Diferente de “Sniffin & Snortin Pt. 1” que abre o album, “Sniffin & Snortin Pt. 2” é menos saturada e mais boogie. Nota-se mais claramente o fraseado do baixo e da guitarra, provando assim a alta competencia tecnica dos musicos.
O tema instrumental “Don’t Say No”, quebra totalmente o clima esmagador de peso das faixas anteriores, explorando o lado mais melodico da banda. Predomina o teclado como elemento principal, com interessante coro vocal e arranjo de flauta.
“Calm Down” parece ter misturado Hendrix e Jack Bruce dentro de um liquidificador. Como se não bastasse o resultado esmagador desta “mágica mistura”, ainda inserem um longo solo de bateria, na melhor linha de “Mody Dick” dos Zeppelin.
Na versão em vinil, as próximas musicas equivalem aos lados 3 e 4, ou seja, o outro lado do tigre. Continua o clima pesado com “Search for Love” e “Wanna Take You Home”, que foi regravada mais tarde pela banda das Filipinas, “Juan de La Cruz”, pertencente à arvore genealogica dos “Speed, Glue e Shinki” por causa do baterista Joe Pepe Smith e do vocalista Wally Gonzalez que já tinham tocados juntos antes.
As faixas “Chuppy”, a suite “Sun, Planets, Life, Moon” e a ultima faixa “Song for an Angel” são totalmente diferentes do clima geral do album, utilizando efeitos de teclado moog, combinados a outros truques de estudio.
Realmente é estranho, e nem dá para perceber qual era o objetivo ao combinarem sonoridades tão diferentes num mesmo album duplo, mas depois de ouvir tantos “petardos”, quem sou eu para criticar alguma coisa?
Não indicado para ouvidos mais sofisticados e sensíveis!”.
Escrito por: Francisco Pinto Correia