Tudo começou em 1970, quando o mangaka Ryouichi Ikegami, famoso pelos seus desenhos realísticos e violentos, resolveu criar uma história do Homem-Aranha para a Shounen Magazine. Nas histórias criadas por Ryouchi, ele dava destaque aos problemas que íam aparecendo (raptos, assaltos, assassinatos) na vida do Homem-Aranha e que ele tentava resolver. O mesmo não se passava nas edições americanas do herói, onde normalmente e quase sempre, Peter Parker têm sempre que ter aquele momento de “minha história: Peter Parker”.
O criador original do Homem-Aranha achou bastante inovadora a maneira como o mangaka conseguiu dar um novo perfil às histórias e a partir daí uma nova legião de fãs japoneses começam a adorar o Homem-Aranha japonês. Pouco tempo depois Ryouchi desinteressa-se em desenhar o Homem-Aranha para a revista Shounen, decide que o sucesso do seu “Homem-Aranha japonês” estava muito bom, e decide criar um novo manga.
O sucesso esperado não foi o pretendido, o manga é um fracasso total deixando os fãs desgostosos. A Marvel entra em cena criando um acordo com a Toei que visava deixá-la usar “Spiderman” por 4 anos. O produtor da Toei naquela época e responsável por trazer alguns destes heróis para o Japão, Tooru Hirayama, decide então criar uma série para Spiderman o mais aproximada possível ao Spiderman de Stan Lee.
Apesar da primeiro acordo ser posivito, outra grande empresa de referência no universo do entertenimento e brinquedos, a Bandai entra em conflito com a Toei Company e leva a que o guião da série fosse reescrito e adicionado um robot gigante. Assim foi feito, e esta seria a primeira vez que um herói em tamanho natural (ao ser humano) e trajado, teria um robot gigante.
A série teve um considerável sucesso – ao contrário dos comics americanos de Spiderman, os poderes são transmitidos para Takuya Yamashiro quando recebe o Spider Bracelet por uma agulha injectada do último sobrevivente do planeta Spider, desta maneira recebendo “Spider Extract” e assim permitindo-lhe lutar e defender a Terra sob o nome de código de Spiderman, utilizando a nave Marveller e o veículo Spider Machine G-7, para auxiliá-lo quando necessário.
Todos saíram a ganhar com a série: a Marvel foi esperta colocar um dos seus heróis mais conhecidos e admirados fora dos Estados Unidos (os comics de Spiderman já circulavam no Japão pela editora Shougakukan Productions), a Bandai lucrou com a imensa panóplia de merchandise que foi criado a partir desta série e a Toei fivou por sua vez com mais uma série de sucesso entre os fãs de Tokusatsu.
Foi a primeira co-produção feita com Marvel Comics da Toei. A fórmula criada em Spiderman no ano de 1978 (“herói transforma-se – mata monstro – monstro cresce – chama robot gigante – monstro morre”), foi o primeiro passo dado pela Toei que passou a ser padrão posteriormente, nas séries “Super Sentai” (começando por Battle Fever J), fazendo com que o inimigo aparecesse duas vezes por série (a primeira no tamanho original e na segunda em tamanho gigante).
A fórmula de Spiderman (1978) foi tão fantástica e inovadora que nem mesmo a Toei conseguiu acreditar que a inclusão de um robot gigante, e monstros que cresciam, pudessem criar tanta audiência. E como se costuma dizer: “Em equipa que ganha, não se mexe”, em 1979 a Marvel Comics entra novamente como co-produtora de uma nova série de nome “Capitão Japão”.
O nome “Capitão Japão” foi pensado primeiramente por causa do sucesso do herói americano e patriota Capitão América. Os heróis teriam seu primeiro nome começado por “Captain” (Captain Japan, Captain France, Capt…) e seriam vistos mais como “assistentes” ao lado de Captain Japan. A Toei então pega elementos de seu primeiro sentai “Himitsu Sentai Goranger” (1975), e incorpora elementos que tinham a ver um pouco com o herói Capitão América. A Toei na hora certa resolve mudar o nome para “Battle Fever J” (Battle Fever Japan), onde aproveitaram a palavra “fever” que na época era muito utilizada, basta lembrarmo-nos do hit musical “Saturday Night Fever”. Então o que era para ser: “Captain Japan”, “Captain France”,”Captain Kenya”,”Captain Russia” e “Captain America”, passam a ser “Battle Japan”, “Battle France”, “Battle Kenya”, “Battle Kossack” e “Miss America”.
Battle Fever J não tinha um padrão de cor definido para os vários personagens, daí que só mais tarde é que viemos assistir a esta alteração na série “Super Sentai” de 1980, Denji Sentai Denziman, onde todo o esquadrão usava roupa igual mudando apenas as cores dos fatos. Esta seria a segunda parceria que a Toei havia tido com a Marvel.
A terceira (Denzi Sentai Denziman – 1980) e quarta série (Taiyo Sentai Sun Vulcan – 1981) criada pela Toei teve na abertura da série o nome da Marvel Comics Groups nos créditos, mas por enquanto (e até hoje) não houve mais heróis da empresa Marvel usadas da forma que foram pela Toei. Foi a partir da terceira série “Super Sentai” que o padrão das cores foi criado.
Se foi ideia da Marvel não fazemos ideia, o importante é salientar que o que a Toei fez com o personagem da Marvel Spiderman, é exatamente o que a Disney faz com Power Rangers. A questão aqui é que a Disney levou/leva a coisa mais à frente porque viu que era investimento e um retorno esperado mais do que certo. É com muita “pena” que vejo a Disney a ficar viciada em Tokusatsu… e ainda para mais no trabalho que tem resultado desse vicio… Até hoje só conseguiu criar uma única roupa diferente das do Tokusatsu japonês. Ao contrário da Marvel, viram como eles deram a volta às produções nipónicas?
Por isso que por enquanto temos que nos conformar com “Power Rangers”…quer dizer… SUPORTAR os “Power Ranges”? Foi o que eu escrevi acima…em equipa que está a ganhar, não se mexe… e é já este ano que vão aparecer os Power Ranger Dino Thunder …
Autor:Benibika Jonin