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Tokusatsu Amador no Brasil

O tokusatsu, por ser uma produção do estilo live-action (produção onde os personagens são representados por actores), espalhou-se pelo mundo especialmente influenciado pelos seus efeitos especiais comparáveis apenas às produções “hollywoodianas”, pelos personagens carismáticos e envolventes e figurinos que enchem os olhos.

O sucesso que fez em certos países do mundo (o próprio Japão, França, Brasil, Tailândia) permaneceu na memória dos fãs de uma forma tão contundente que até os fãs mais fervorosos, não se contentando apenas em apreciar as produções oficiais japonesas, resolveram criar seus próprios heróis e se colocarem em aventuras fantasiosas e espetaculares.

Esse amor pelas séries japonesas refletiu-se na forma variada em que vários países, onde, não importando-se com o nível das produções, prestam e criam sempre uma homenagem a essas produções, que tanto sensibilizaram o mundo.

O tokusatsu amador existe em vários países do mundo, sendo o Japão o país com maior número de produções desse tipo, todas com um elevado nível técnico e de produção. Os japoneses, por viverem na terra do tokusatsu, possuem uma certa facilidade em adquirir materiais para a criação de uniformes, vestimentas e maquetes, sem falar do alto poder aquisitivo que o japonês em geral possui.
Os outros países do mundo podem não possuir os mesmos recursos, mas a vontade de fazer está impressa em seus maiores empreendedores.

No Brasil, por ser um país não tão rico, o tokusatsu amador é feito com recursos limitadíssimos, o que gera enormes dificuldades, como diz Bruno Seidel, criador dos Blastrangers (www.blastrangers.kit.net): “Para produzir uma série no estilo Tokusatsu, mesmo nos padrões amadores, requer alguns cuidados que acabam nos submetendo a enfrentar certas dificuldades como a falta de tempo para gravar, por exemplo. Talvez o principal deles seja realmente a dificuldade em editar, uma vez que utilizamos recursos amadores e a edição precisa ser algo feito com bastante cuidado, ou seja, é a parte que mais exige o profissionalismo. Quanto ao elenco, é natural que volta e meia alguém se desmotive ou passe a encarar o projecto como algo diferente daquilo que você vê, mas isso é absolutamente normal e algo q a gente aprende a administrar com o tempo. Sobre a falta de recursos, bem, esse é o principal problema das produções amadoras em geral. Mas não podemos baixar a cabeça quanto a isso, nossa criatividade serve pra solucionar esse tipo de problema e é graças a ela que podemos fazer algo tão ou até melhor do que obras com grandes verbas!”.

Outro dos importantes nomes do tokusatsu amador no Brasil, é Ronaldo Villa-Verde, criador do personagem Defender (www.defendermetalhero.kit.net), já entrevistado por este site, diz mais alguma coisa: “Além da falta de elenco, é muito dificil encontrar gente que tope participar de um filme com gente fantasiada de “robozinhos” e monstros”.

Este amor e “fandom” que permeia o tokusatsu amador também permite aos seus criadores conseguirem apoios. A Internet nesse aspecto torna-se fundamental para a divulgação desses projectos e para a comunicação entre eles. O Defender possui divulgação em sites de outras produções ao redor do mundo, através do intercâmbio de banners, e de apoio direto de usuários da Internet.

Os Blastrangers recentemente se associaram a uma Universidade na produção de videos, mas incompatibilidades de propostas não permitiram a continuidade da parceria. O apoio moral também é lembrado por Ronaldo: “Apoio moral é muito bom quando você está puto (chateado) e vem alguém e diz que teu trabalho tá legal, aí você tenta se inspirar pra continuar”.

Mas algumas das produções amadoras são bastante conhecidas além e têm uma maior visibilidade. A França, à algum tempo atrás, chamou atenção dos fãs de tokusatsu de todo o mundo apresentando uma produção amadora de nome Jushi Sentai France Five (http://www.francefive.com), que produz material desde 2000 e teve grande evolução durante esse tempo, tanto que o cantor japonês Akira Kushida, um dos maiores cantores de temas de tokusatsu, cantou uma versão da música-tema.

Os “France Five” apesar de tudo não é o único toku amador francês. Existe uma grande variedade de projetos, cujos temas variam de paródia pura aos seriados japoneses ou mesmo histórias mais sérias, mas aí não importa, contanto que atinja seus objetivos, como demonstrado pelo brasileiro Bruno Seidel com os Blastrangers: “Cara, o objetivo dos Blast, sempre foi (desde q a série foi criada em 1993) e sempre será mostrar para as pessoas a força dos toku-fãs do Brasil. Mostrar que aqui existem pessoas dispostas a dar seu sangue para terem essas séries de volta à TV. Eu quero mostrar aos brasileiros o meu exemplo como um dos toku-fãs que dedica sua vida pelo Tokusatsu, que está disposto a tudo para termos essas séries de volta na televisão. Os Blast são apenas uma maneira de chamar a atenção e expressar esse amor pelo Tokusatsu original! E é isso que eu busco! Não tenho nenhum plano para o futuro, como o objetivo é unicamente esse, só posso te dizer que a única coisa que quero daqui para a frente é ver toku de verdade na tv!”

Bom, se terá sucesso ou não, o importante é que essas produções trazem um ar revigorante ao tokusatsu de maneira geral, principalmente numa época onde o tokusatsu não está tão em evidência.

Autor:Luis Cláudio

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