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Boku no kanojo wa saibôgu

No ano de 2070, um idoso de seu nome “Jiro” (Rokurô Naya), constrói uma ciborgue de modelo “Cyberdyne 103” (Haruka Ayase), de maneira a poder ajudá-lo a enfrentar as suas dificuldades do quotidiano. Tendo obtido um aparelho de viagens no tempo, “Jiro” envia a ciborgue até ao ano de 2007, de maneira a que esta possa evitar o incidente que o deixou debilitado para o resto da vida, e que se reconduziu a um tiroteio num restaurante. Cumprindo com o plano, o organismo cibernético consegue salvar o jovem “Jiro” (Keisuke Koide).

“Jiro” enceta um relacionamento pouco convencional com a ciborgue, pois apesar da sua natureza, o rapaz acha-a a mulher mais atraente que conheceu na sua inexperiente vida. A felicidade de ambos sofre um duro revés, quando um terramoto massivo atinge Tóquio, e a ciborgue tenta salvar a vida de “Jiro”.

Kwak Jae-young, o mestre sul-coreano da comédia romântica, desta vez viaja ao Japão, para impor o seu estilo algo próprio no país do sol nascente, testando a sensibilidade e a capacidade de actores nipónicos para navegarem nos domínios do realizador. Na sequência desta ideia, convém relembrar que os grandes êxitos de Jae-young nos últimos anos, a saber, o magnífico “My Sassy Girl” e o muito aceitável “Windstruck” partiram sempre de premissas semelhantes a nível da construção da trama. As histórias alicerçavam-se em relacionamentos pouco convencionais, para não dizer estranhos, em que as mulheres são dotadas de uma personalidade forte e algo lunática, tendo por contraponto homens dotados de ingenuidade, fragilidade e simples. “Cyborg She” não foge à tradição e até em alguns aspectos exponencia-a mais. De um lado, temos um organismo cibernético feminino, dotado de características sobre-humanas como uma força fora do normal ou uma grande velocidade, que por desconhecimento da época onde vive, age de maneira pouco convencional. Do outro, temos um rapaz de bom coração, solitário, inexperiente, que se vê enredado em situações com as quais tem tremendas dificuldades em lidar.

Apesar de, para quem conhece o trabalho de Jae-young, estar no reino do extremamente previsível, há que reconhecer que o realizador tem uma grande facilidade (para não dizer talento) em mesclar a comédia, o romance e o drama. “Cyborg She” constitui mais um exemplo desta faceta. Apesar de atingirmos algum melodrama forçado, manipulador e desleal para os corações mais sensíveis, a película tem momentos de genuíno drama e boa disposição, a que ninguém conseguirá ficar alheio. Pense-se no retorno de “Jiro” à sua terra-natal, onde cresceu juntamente com a sua suposta avó, e facilmente se apreenderá esta ideia. Perto do seu epílogo, o filme entra mesmo noutros campos que se reconduzem às longas-metragens acerca de desastres naturais, e aqui tanto a acção, como os efeitos, atingem níveis de muito boa qualidade.

A bela Haruka Ayase deslumbra, embora esta expressão se refira mais à sua grande beleza e “sex appeal” do que propriamente à actuação que mesmo assim se reputa de bastante aceitável. Por sua vez, o actor Keisuke Koide encarna bem o papel do “geek” “Jiro”, conseguindo transmitir ao espectador a imagem requisitada, ou seja, a do perdedor com bom fundo, que ao menos um dia terá direito a algo que muitos parecem obter com relativa facilidade, mas que para ele parece quase impossível: uma rapariga linda, que o aprecie verdadeiramente pelas qualidades que ele detém.

Quem pretende visionar “Cyborg She”, nunca poderá estar à espera de uma obra de antologia, até por que o filme em si não o pretende ser. É certo que já todos vimos algo bastante semelhante antes , e que a única coisa à partida algo inovadora serão os elementos de ficção científica que douram a trama (e daí, se calhar, nem isso). Igualmente, possui um final algo cor-de-rosa e mesmo forçado, mas que tem o seu quê de algo surpreendente, e poderá mesmo fugir ao diapasão mais trágico, comum nos dramas daquelas paragens.

Agora, o que é indubitável é que estamos perante um “feel good movie” que, como a designação indica, nos provocará sentimentos positivos e que devemos preservar com persistência. É um filme de Kwak Jae-young, será preciso dizer mais?!

Apesar de ser um filme de um realizador coreano, todos o elenco é composto por japoneses. Haruka Ayase, Keisuke Koide, Risa Ai, Kazuko Yoshiyuki são alguns dos actores que fazem parte de Boku no kanojo wa saibôgu (Cyborg She Aka Cyborg Girl, em inglês) um filme aconselhável para os incuravelmente românticos! Os outros, também podem dar uma espreitadela!

Autor: Jorge Soares (http://shinobi-myasianmovies.blogspot.com)

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