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Melan & Chory

Apesar de possuir apenas cinco minutos, Melan & Chory é uma história bastante interessante capaz de cativar o seu espectador ao explorar o mundo da depressão e da melancolia.

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A história começa com um personagem masculino que sobe umas escadas cujos degraus vão aparecendo conforme avança. O dia parece perfeitamente normal e rotineiro na vida deste andarilho até que encontra uma ilha flutuante estagnada, mantida no ar apenas devido à hélice que se encontra por baixo dela.

Na ilha encontra-se uma rapariga, sentada e sozinha, com uma nuvem negra sob a sua cabeça. O personagem aproxima-se e oferece-lhe uma flor mas ela destrói-a e foge para dentro de casa. Durante alguns dias o rapaz leva ramos de flores à sua porta mas esta continua fechada em casa. No interior podemos ver algumas sombras que saem de dentro da pequena personagem.

No dia seguinte o rapaz depara-se com um bloco de cimento ou betão no lugar onde deveria estar a casa. Ao entrar, encontra a rapariga, agora com uma nuvem de chuva por cima de si. Quando se aproxima com o ramo, ela ataca-o com uma espada, empurrando-o contra a parede e aparentemente matando-o. A pequena nuvem alastra-se e faz chover em toda a divisão. A jovem caminha até ao ramo caído, agora murcho, ajoelha-se e abraça-o, possivelmente preparando-se para abraçar as sombras uma última vez.

Neste momento o rapaz solta-se e caminha até ela, usando o seu chapéu para a proteger da chuva. Este ato de carinho liberta-a finalmente das sombras onde vive e os dois caminham numa ilha agora repleta de flores e vida.

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Melan & Chory mostra-nos como os maus pensamentos e as ideias negativas que frequentemente formamos de nós mesmos, podem acabar por nos isolar de todos, repelindo qualquer amostra de afeto, neste caso a flor (símbolo do amor ou da amizade por ser um girassol, uma alegoria à luz), que é destruída.

A rapariga (cuja possui um ar doce, fazendo o espectador preocupar-se com ela) vai-se fechando cada vez mais em si, controlada pelas sombras dos seus medos e dos seus receios em relação ao mundo, culminando no ato de trocar a sua casa, mais ou menos acolhedora, por uma divisão cinzenta e escura: a casa de uma nuvem que não é apenas negra mas que a molha com chuva.

O rapaz, por outro lado, mostra dedicação e não permite que a rapariga se afunde na escuridão, insistindo todos os dias. Esta força de vontade é marcada principalmente quando o vemos sobreviver à espada que o trespassa: por muito que ela o ataque, ele não desistirá, ele sabe que conseguirá trazê-la de novo para a luz, custe o que custar.

O ramo que murcha é o resultado de um ato de desespero do qual ela se arrepende de imediato. Ela destruiu o único afeto que lhe fora dado desde há muito tempo. Ajoelha-se sobre as flores mortas, talvez preparando-se para abraçar as sombras, a própria morte.

Antes que isto aconteça o rapaz regressa, protegendo-a da chuva e dando-lhe a mão. Ela aceita. Desiste de viver dentro de si e regressa à luz, derrotando as forças negativas que a prendem. A ilha transforma-se mais uma vez, enchendo-se agora de flores. Os dois dão as mãos e olham o arco-íris que se forma no céu. A escuridão fora derrotada e tudo acaba bem.

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Embora sejam visíveis os problemas normais de um primeiro trabalho, como por exemplo os últimos planos do personagem a deixar as flores em casa da rapariga, um pouco confusos, Melan & Chory usa uma história curta e simples para nos falar de algo mais profundo e sério, transmitindo uma mensagem de esperança: haverá sempre alguém que lutará por nós.

A curta-metragem, cujo nome nos remete para a palavra “melancolia”, pode ser encontrada no canal de Youtube do seu criador, Takuya Okada, na sua versão original e numa segunda versão que possui uma banda sonora diferente.

Escrito por: Ângela Costa

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