Shingeki no Kyojin (Attack on Titan) é um filme baseado no manga homónimo criado por Hajime Isayama e segue a história de Eren Yeager, um jovem que vive num mundo assombrado pela presença de criaturas gigantescas conhecidas como titãs. A obra cinematográfica é realizada por Shinji Higuchi e está dividida em duas partes, a primeira estreou no dia 01 de Agosto de 2015 e a segunda estreou no dia 19 de Setembro do mesmo ano. Este artigo irá focar-se na segunda parte e para lerem a análise da primeira parte basta clicarem no link.
End of the World continua onde a sua prequela termina: descobre-se que Eren é um titã e, temendo a sua presença, o exército decide executá-lo. Porém Eren é salvo por outro titã (Shikishima) e é revelado que os gigantes são na realidade produto de uma experiência elaborada pelo pai de Eren que correra mal, espalhando um vírus por todo o Mundo.
Há semelhança do que acontece com a primeira parte, este filme possui vários problemas, sendo o maior de todos eles as inconsistências narrativas.
Começando pelo plano de Shikishima, este é um pouco confuso, especialmente quando ele se mostra como amigo, vilão, amigo, vilão, sacrificando-se no final para salvar Mikasa. Shikishima é também o personagem que num mundo pós-apocalíptico possui um computador da Apple, um projetor e respetivo controlo. Durante a cena em que Shikishima fala com Eren numa sala ridiculamente demasiado avançada do ponto de vista tecnológico para aquele universo, o vilão mostra algumas imagens das experiências e das suas consequências, possuindo na sua posse um comando que controla um projetor, comando esse que facilmente reconheço como sendo de um computador Apple, devido à sua forma única.
O personagem que anteriormente arremessara um titã sem qualquer problema, aparece neste filme a derrubar uma torre usando o seu Three Dimension Maneuver, algo fisicamente bastante improvável e que mais uma vez mostra uma suposta força sobrenatural que na realidade não existe.
A fotografia e a banda sonora possuem os mesmos problemas que a prequela. A fotografia permanece maioritariamente escura, fundindo o céu, os edifícios, os veículos, os titãs e os personagens, formando uma mancha cinzenta que apenas não existe nas cenas em que vemos o campo verde. A banda sonora mantém-se um pouco afastada tematicamente com as imagens que vemos.
Contrariamente ao que aconteceu com a primeira parte, encontrei alguns elementos interessantes em End of the World. Para além da presença arrebatadora de Colossal, Hans reaparece como o comic relief e acaba por descobrir o seu amor por armas de fogo e por um tanque que conduz. O terceiro e último elemento que me surpreendeu pela positiva é a cena em que o Colossal aparece à frente de Eren e dos seus amigos, relembrando uma das primeiras cenas da primeira parte. No entanto, enquanto da primeira vez Eren foge, assustado, aqui o protagonista decide enfrentar o vilão. O jovem inocente é agora um soldado temido e muito mais forte do que no Passado. Esta cena encerra um ciclo não apenas narrativo mas igualmente um ciclo interno do personagem: ele é um homem novo e o rapaz que conhecemos outrora desapareceu.
Em termos de adaptação os problemas continuam, apesar de ter gostado da junção de Levi e de Annie em Shikishima. A cena que mais me incomodou é a “luta” entre Shikishima e Eren que relembra uma cena semelhante entre Levi e Eren. A diferença é que enquanto na cena entre Eren e Levi, Levi ataca o protagonista para provar que o consegue controlar e que Eren não é uma ameaça, no filme Shikishima simplesmente espanqueia Eren apenas pela violência, eliminando todo o peso emocional e a importância narrativa da cena original.
Depois de visionar ambas as obras torna-se claro que a adaptação live-action de Shingeki no Kyojin sofreu de problemas graves de produção, provavelmente provenientes do desejo de produzir duas obras ao mesmo tempo, com o financiamento de um filme, no espaço de gravação de um filme.
A segunda parte é definitivamente a mais interessante mas receio que isto se deva ao facto de não existir um argumento prévio, uma vez que, End of the World tenta responder a questões deixadas em aberto no manga, o que é de louvar, ainda que as soluções encontradas para explicar determinados elementos sejam bastante fracas. No final, penso que as obras em nada contribuem para o universo de Shingeki no Kyojin, apesar de poderem ser interessantes se forem vistas como um universo paralelo e com uma mente bastante aberta e pouco crítica.
Escrito por: Ângela Costa