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Tokyo No Onna

Consta que o argumento incial sugeria que Chikako ajudava o Partido Comunista com os seus ganhos ilícitos, mas antes das filmagens começarem decidiram retirar estes elementos políticos. As razões para isso são desconhecidas, mas pensa-se que Ozu terá sugerido retirar esta parte da história para evitar as atenções da censura da altura.

A mulher de Tóquio (東京の女, leia-se Tokyo no onna no título original) foi filmado em 1933 pelo grande mestre Yasujiro Ozu em menos de nove dias, durante um período de calmaria nos estúdios da Shochiku. Ozu tinha mais ou menos uma semana antes de começar a produção da sua próxima longa metragem, Hijosen no Onna (非常線の女), e foi convidado a realizar este filme. Os créditos da equipa de produção para este trabalho de Ozu vão para dois dos seus colaboradores regulares, Kogo Noda e Tadao Ikeda que são responsáveis pelo argumento do filme.

Neste melodrama de amor entre irmãos, temos Chikako a irmã mais velha que tem que lutar sozinha para criar o seu irmão mais novo Ryoichi. Querendo apenas o melhor para o irmão, Chikako trabalha incansavelmente para conseguir ajudar o irmão nos estudos. No entanto a escolaridade de Ryoichi custa mais do que ela pode pagar, por isso tem que arranjar uma forma de conseguir pagar os estudos. Para isso decide sem que o irmão e a namorada deste saibam começar a trabalhar como prostituta.

Da lista de actores destacamos Yoshiko Okada no papel de Chikako, Ureo Egawa como Ryoichi (irmão de Chikako), Kinuyo Tanaka que interpreta Harue, a namorada de Ryoichi e por fim temos Shinyo Nara como Kinoshita (irmão de Harue).

Sendo Tokyo no Onna uma produção de baixo orçamento, os cenários eram poucos e talvez por isso o espectador pode sentir uma sensação enorme de confinamento. Irmão e irmã, são tão emocionalmente ligados que podem ser confundidos como um casal, embora logo torna-se claro que Ryoichi é totalmente dependente do outro de Chikako. Esta relação subtil entre personagens e cenários tornaria-se um aspecto essencial do cinema de Ozu.

Este filme pode exibir menos influências ocidentais do que muitos dos filmes que o precederam, mas Ozu consegue homenagear os seus heróis de Hollywood, incluindo uma parte do filme do If I Had a Million (1932). E ao cortar a sequência antes de atingir a sua memorável piada, Ozu parece estar a dizer ao mundo que os seus dias como realizador de comédia terminaram. Como se quisesse dizer a verdade, os vinte minutos que se seguem são os mais sombrios e desesperadamente pessimistas de toda a sua obra.

Assistimos aqui ao momento em que Ozu passa de um mero realizador para um excepcional e talentoso mestre da sua arte. As lágrimas amargas que vimos na cena climática do filme são apenas uma pequena amostra do caos emocional que Ozu causaria ao seu público com os seu seguintes filmes atemporais.

Por isso, este Tokyo no Onna está à espera de ser visto na NIJI TV por todos aqueles que gostam de bom cinema e em especial os grandes clássicos do cinema do País do Sol Nascente.

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