A arte é um importante elemento que faz parte da cultura japonesa e nada melhor que conhecer os seus grandes artistas para se poder igualmente compreender as várias obras que nos foram chegando até aos nossos dias.
Yoshida Hiroshi ( 吉田 博 ) ou Hiroshi Yoshida, como é conhecido, nasceu com o nome de Hiroshi Ueda, a 19 de Setembro de 1876, na cidade de Kurume, Fukuoka, Japão, e faleceu a 5 de Abril de 1950 de causas naturais.
Tornou-se um importante pintor e gravurista do século XX, sendo considerado um dos principais responsáveis pelo movimento shin-hanga, desenvolvido entre os períodos Taishō (1912-1926) e Shōwa (1926-1989) que rivalizou com o ukiyo-e, conhecido como estampa japonesa, uma espécie de xilogravura e pintura, que marcou os séculos XVII e XIX, isto é, respetivamente os períodos Edo e Meiji.
Antes de mais, importa explicar estes termos, para se ter uma percepção mais completa e abrangente do tópico em análise. As temáticas mais retratadas pelo movimento ukiyo-e consistiam na beleza feminina, o teatro kabuki, lutadores de sumō, paisagens e viagens, fauna e flora e até mesmo pormenores históricos e lendas populares. Já o shin-hanga focava-se também nos mesmos temas, como as paisagens (fukeiga), os locais famosos (meishō), a beleza feminina, a fauna e a flora (kachōga) ou até os atores de kabuki (yakusha-e), tendo prosperado desde 1915 a 1942, começando a entrar em decadência a partir dos finais dos anos 40 e início da década de 50 do século XX.
O shin-hanga foi sem dúvida um movimento inspirado nos traços do Impressionismo Europeu, por meio da incorporação de efeitos e técnicas ocidentais, como o caso da iluminação ou da demonstração de sentimentos através de expressões faciais. Beber conhecimentos a outras fontes.
Por sua vez, o ukiyo-e foi essencial para que o mundo ocidental ganhasse consciência da dimensão e importância da arte tradicional nipónica, que acabaria por influenciar diversos artistas mundiais, e também vários conceitos de arte, desde o Impressionismo com Edgar Degas, ou Claude Monet; o Pós-Impressionismo com Van Gogh ou a Arte Nova com Henri de Toulouse-Lautrec e que ao longo do século XIX desencadearia o nascimento do Japonismo, ou seja, a interferência de obras japonesas nos países e cultura ocidental.
O século XX em contrapartida assistiria a um revivalismo da xilogravura japonesa, através dos movimentos shin-hanga e sōsaku-hanga, na defesa do conceito de Individualismo, enquanto expressão criativa. As técnicas importadas da serigrafia (impressão em tela) ou da água-forte (gravura em matriz de metal), por exemplo, contribuíram para que o movimento ukiyo-e continuasse sob uma perspetiva individualista até à atualidade.
Hiroshi Yoshida teve de facto um relevante papel na divulgação destes movimentos e noções artísticas, influenciando os seus trabalhos, as célebres paisagens que compunham as suas obras, em virtude das viagens que foi realizando um pouco por todo o mundo, e das quais se destacam as gravuras dos Alpes Suíços, do Taj Mahal ou do Grand Canyon, na região do Arizona, nos Estados Unidos.
Nascido na cidade de Kurume, em Fukuoka, desde cedo sempre se mostrou muito interessado pelo universo artístico, talvez influenciado pelo seu pai adotivo, que era professor de pintura no ensino público japonês. Já com 19 anos de idade resolveu mudar-se para Kyoto, tendo estudado com Tamura Shoryu, professor de pintura ocidental. Mais tarde, viajaria para Tóquio, tendo estudado igualmente com Koyama Shotaro.
Nos finais do século XIX a sua aprendizagem e gosto pela pintura, dar-lhe-iam a possibilidade de mostrar todos os seus projetos no Museu de Arte de Detroit, nos Estados Unidos, tendo posteriormente passado por cidades como Boston, Providence, ou Washington D.C e viajado pela própria Europa.
Já em pleno começo do século XX, por volta dos anos 20, apresentaria na Watanabe Print Workshop, o seu primeiro trabalho produzido em madeira, (Watanabe Shōzaburō (1885-1962), editor e patrocinador do movimento artístico shin-hanga, tendo a sua oficina sido destruída depois do Grande Terramoto de Kantō em 1923).
Por volta de 1925, com a ajuda de um grupo de carpinteiros e prensadores abriria o seu próprio estúdio, que se tornaria futuramente uma escola artística, onde procedia à supervisão das impressões, e combinava o sistema colaborativo do estilo ukiyo-e com o sōsaku-hanga, distanciando-se desta forma, de outros movimentos como o shin-hanga.
De mente muito aberta, deixou-se influenciar pelo Ocidente, aprofundando noções de pintura a óleo, técnica que mais tarde seria também introduzida em solo japonês. Em 1931 publicaria um conjunto de gravuras baseadas em locais como a Índia, o Paquistão, o Afeganistão e até Singapura.
Proveniente de uma família de vários artistas, a arte esteve sempre presente ao longo de várias gerações, quer de seus antepassados, quer futuras, sendo assim marcada por várias sensibilidades, estilos e formas de encarar a pintura e áreas adjacentes, mas também serviu de mote ao desenvolvimento e modernização artística e histórica do Japão, por todo o século XX, perpetuando-se o seu trabalho ao longo do tempo.
Escrito por: Mia Mattos