“Cult X” é o mais recente thriller de Fuminori Nakamura, um autor que recebeu vários prémios no Japão e que captou a atenção internacional com o livro “The Thief”. Nunca tendo ouvido falar dele, e ao encontrar o livro por mero acaso, achei que seria uma leitura interessante. Infelizmente, o livro acabou por ser uma desilusão.
A sinopse do livro é: na busca pela sua namorada desaparecida, Toru Narazaki acaba por se envolver no mundo secreto dos cultos e descobre o lado negro da religião. Apesar de parecer bastante simples, a narrativa é composta por um emaranhado de enredos mirabolantes, que obriga o leitor a andar para trás e para frente numa linha temporal descontrolada. Há secções de texto que não servem propósito nenhum, estando apenas lá para dar volume ao livro. As personagens são péssimas, sendo que nenhuma se destaca verdadeiramente, a não ser pelos piores motivos. O autor tenta ser inovador na sua composição, forma de escrita e ideias sensacionalistas, mas acabou apenas por criar um texto que nada mais é que uma mescla de ideias, com pouco ou nenhuma conexão.
O objectivo dele será, na minha opinião, levar o leitor a repensar o que sabe sobre a sua sociedade, mas o uso excessivo do sexo e morte como factor choque acaba por destruir qualquer ponto positivo que o livro possa ter. Também não ajuda que, para perceber a relevância do discurso de muitas personagens, é preciso ter alguns conhecimentos sobre o Japão (o que pode constituir um entrave para o leitor).
Algumas críticas que li sobre o livro falam de como ele demonstra o quão fácil é para alguém cair na teia de um culto, mas a verdade é que nenhuma parte do texto verdadeiramente comenta sobre isso.
O aparecimento das chamadas “novas religiões”, sendo os cultos as suas vertentes mais radicais, não é nada de novo na história nipónica; emergindo no século XIX, as “novas religiões” adquiriram uma enorme relevância no século XX, principalmente depois dos ataques ao metro de Tóquio em 1995. Estes movimentos tornaram-se numa questão bastante complexa e até polémica na sociedade japonesa, muito devido ao frenesim criado mass media.
Tendo algum interesse e conhecimento no assunto, posso dizer que este livro em quase nada explora a estrutura destes movimentos religiosos, revela as suas actividades ou tenta descodificar as verdadeiras razões que levam alguém a se juntar a este tipo de grupo. Não digo que não haja sexo ou excessos, tal como descrito em “Cult X”, mas basear tudo na luxúria dos homens é simplificar em demasia a natureza humana.
Desta forma, termino esta crítica dizendo que este livro é, na sua essência, bizarro e confuso, o que torna a sua leitura morosa e pouco satisfatória.
Escrito por: Alexandra Costa Ferreira