O seu nome está associado à literatura policial japonesa, onde desempenhou um papel importante no desenvolvimento e divulgação deste estilo literário. Hirai Tarō (平井太郎) nasceu a 21 de Outubro de 1894 em Nabari, na prefeitura de Mie, mas ficou conhecido pelo seu pseudónimo Edogawa Ranpo (江戸川乱歩) nome que não é mais nem menos do que a pronuncia em japonês de um dos seus autores preferidos Edgar Allan Poe.
Em 1916, forma-se na Universidade Waseda e começa a publicar histórias de detectives e de terror. “Ni-sen Dōka” é o seu primeiro livro. Este e os seguintes dirigiam-se a um público mais adulto visto que as suas histórias também incluíam temáticas sexuais, daí terem sido classificados como literatura “ero guro” (erótica grotesca).
Os primeiros experimentos de Edogawa na fronteira do género de ficção científica envolveram especulações sobre o poder da ótica, incluindo Kagami-Jigoku (1926), cujo protagonista enlouquece através da visão do seu reflexo num espelho “perfeito” e de aumento. Outro dos seus livros desta corrente literária foi em “Oshie-e to Tabi suru Otoko” (1929), em que são descobertos uns binóculos invertidos (ou parecem ter sido descobertos), para permitir alterações realistas mágicas ao mundo.
Durante a ascensão do militarismo japonês, na década de 1930, Edogawa caiu em desgraça com a censura do governo quando foi solicitado a não republicar “Imomushi” (1929), uma história sobre um veterano de guerra deficiente.
A criação mais duradoura de Edogawa foi o detective Kogorō Akechi, um análogo japonês de Sherlock Holmes que apareceu pela primeira vez em “D-zaka no Satsujin Jiken” (1925), que conta a história de uma mulher morta no decorrer de jogos sado-masoquistas. O mistério de Akechi Kyūketsuki [“Vampiro”] (1930) foi o primeiro romance japonês a mencionar vampiros, embora o seu status pioneiro compartilhe um ano de publicação com um conto e um ensaio de outros autores.
Para atrair o público jovem, Edogawa cria uma personagem (um ajudante adolescente) para acompanhar Akechi, em 1930. Já em Kaijin Nijū Mensō (1936), cria um inimigo mascarado, que presumivelmente terá sido inspirado pelo “homem de quarenta rostos” de T W Hanshew. No mesmo livro nasce Shōnen Tanteidan (lit.Clube dos Jovens Detetives), cuja popularidade eclipsaria a do próprio Akechi.
Uns anos mais tarde decide criar a Associação Japonesa de Escritores de Mistérios, da qual se tornaria presidente honorário.
São imensas as referências a este escritor japonês. Uma das mais importantes é no anime e mangá Detective Conan, o protagonista, Shinichi Kudo, criou o seu pseudónimo, sob o sobrenome Edogawa, por Ranpo Edogawa, e o nome Conan por Sir Arthur Conan Doyle, criando assim Conan Edogawa. Além disso, Conan ajuda o detective Kogoro Mouri nas suas investigações, que recebeu o nome do detective principal dos romances de Ranpo, Kogoro Akechi.
Este detective Kogoro Akechi criado por Ranpo é a personagem mais icónica dos seus livros. Ao longo da sua carreira literária ele coloca-o em várias obras incluindo a série que criou posteriormente intitulada de Shōnen tantei dan (少年探偵団, lit.Grupo de jovens detetives), onde Kogoro Akechi era é o líder deste grupo.
Estreia-se também no cinema com uma aparição como protagonista no filme “O Mistério de Rampo” (1994) e em 2005, é produzido o filme Rampo Noir, que tem como actor principal Tadanobu Asano, baseado em quatro contos escritos por Ranpo.
Em julho de 2015, aparece Ranpo Kitan: Game of Laplace, um anime de mistério dedicado a Ranpo, e que foi produzido para comemorar o 50º aniversário da morte do autor. Também na série Bungou Stray Dogs, o personagem que detém o poder de “Ultra Deduction” é chamado Ranpo Edogawa e trabalha como detective.
Edogawa Ranpo faleceu a 28 de Julho de 1965 e está sepultado no Cemitério de Tama, na cidade de Fuchū, tendo deixado como legado algumas obras magníficas. Antes de falecer também criou o prémio literário Edogawa Ranpo, atribuido ao melhor romance de mistério do ano.
Escrito por: Fernando Ferreira