Foi no século XI que apareceu no Japão uma nova forma de narrativa ilustrada (que com algum esforço até poderíamos dizer que foi a pré-história do manga) e que durou até ao século XVI. Esta nova forma de expressão artística combinava texto e imagem, e era desenhada, pintada, ou estampada num suporte numa orientação horizontal. Estas imagens ilustradas retratavam batalhas, romances, religião, contos populares e histórias do mundo sobrenatural. A estas pinturas foram chamadas de Emaki-mono (ou simplesmente Emaki).
Estes rolos eram geralmente feitos de papel ou de seda, e estavam ligados a um pino de madeira na extremidade esquerda, para serem enrolados e assim ser mais fácil arruma-los em prateleiras. Os rolos podem ter vários tamanhos, sendo o tamanho mais pequeno cerca de 30 centímetros (1 pé) de largura e o maior de 9 a 12 metros (30 a 40 pés) de comprimento.
Emaki-mono são lidos e escritos da direita para a esquerda no sentido de escrita japonês. Era comum usar imagens para ilustrar as histórias quer no início quer ao longo do texto. No final de cada leitura a pessoa que lê o livro volta a colocar/enrolar o rolo no sentido correcto, tal como fazíamos com as velhas cassetes de audio.
Os Emaki-mono também podem ser de dois tipos: os otoko-e (imagens dos homens) e onna-e (retratos de mulheres). Há algumas diferenças entre estes dois estilos, apelando para as preferências estéticas dos géneros.
Mas talvez o mais facilmente perceptível entre os dois são as diferenças no assunto. Onna-e, normalmente lida com a vida da corte, especialmente as damas da corte, e com temas românticos. Otoko-e, por outro lado, representa a maior parte das vezes os acontecimentos históricos, particularmente batalhas. O cerco do Palácio Sanjō (1160), descrito no “Ataque nocturno no Palácio Sanjō” é porventura o mais famoso exemplo deste estilo.
Outros dois dos exemplos mais conhecidos e citados é o Genji Monogatari Emaki, uma história de namoro que aconteceu por volta do ano de 1130. Este ilustra o romance épico escrito por volta do ano 1000 e narra a vida e os amores de Genji e do mundo da corte Heian após sua morte. Actualmente conhecem-se apenas 15% dos pergaminhos originais, estando estes protegidos como tesouros nacionais.
O outro é Emaki giga Choju (uma versão diferente de Emaki) e incomum para a altura, pois não continha qualquer texto, apenas imagens. Este retrata a vida animal em cenas divertidas, que os estudiosos avançam com a hipótese de serem analogias à sociedade japonesa no século XII.
Escrito por: Fernando Ferreira