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G1 Climax 25

Começa segunda-feira, dia 20 de Julho de 2015 o G1 Climax 25, o maior e mais prestigiado torneio de luta-livre do mundo, organizado pela New Japan Pro Wrestling (NJPW), e que terá neste ano de 2015 a sua maior edição de sempre, até como comemoração da sua vigésima-quinta edição (desde que assumiu a chancela G1 em 1991, já que se pode traçar a genealogia do torneio até à então chamada World League de 1974). Esta designação de maior de sempre não advém do número de lutadores em competição já que este ano são “apenas” 20, contra os 22 da edição de 2014, mas sim pelo facto de se desenrolar ao longo de 19 eventos, entre a abertura de dia 20 de Julho e a grande final de 16 de Agosto. Por comparação, a edição de 2014 decorreu em 12 eventos e a de 2013 (também com 20 participantes) em apenas 9.

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Esta decisão de espaçar o evento dar-lhe-à certamente outra gravidade, tornando-se uma verdadeira maratona para apurar o vencedor, que se verá confirmado como aquele que realmente conseguiu provar a sua superioridade sobre os demais durante o que será praticamente um mês inteiro. O evento inaugural será em Sapporo no Kitayell, e percorrerá o Japão, seguindo-se: Shizuoka (2 vezes), Quioto, Takamatsu, Hiroshima, Oita, Fukuoka, Osaka, Nagóia, Sendai, Takizawa, Yokohama e Tóquio (6 vezes, incluindo o mítico Korakuen e a final na arena de sumo Ryōgoku Kokugi-kan).

Este torneio funciona à semelhança de outros campeonatos desportivos. Neste caso, os 20 lutadores encontram-se divididos em 2 grupos, lutando contra todos os outros do mesmo grupo. Uma vitória vale 2 pontos e um empate 1 ponto, sendo que os vencedores de cada um dos grupos disputam a final. O vencedor ganha o direito a um combate pelo título sendo que desde a edição de 2012 esse combate tem lugar no Wrestle Kingdom (o grande evento anual do dia 4 de Janeiro) seguinte, ainda que seja comum esse mesmo direito poder ser disputado entretanto (tradicionalmente num evento de Outubro ou Novembro).

No entanto, e ao contrário de outros torneios da NJPW, o próprio campeão pode competir no G1 embora seja rara a vitória, com apenas 2 vencedores até hoje (Keiji Mutoh em 1995 e Kensuke Sasaki em 2000). Se se pode dizer que vencer o G1 e vencer o título mundial são coisas diferentes, a verdade é que todas as grandes lendas da NJPW “precisam” de conquistar o G1 para completar o currículo. Sem dúvida se poderá também dizer que a sua lista de vencedores, mais restrita, ajuda também a manter o seu prestígio intacto. A consagração no G1 nunca resulta do acaso e é sempre uma ocasião de gala e de consagração.

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Para além de, hoje em dia, praticamente definir o main-event do Wrestle Kingdom com 5 meses de antecipação (embora tal não se tenha verificado o ano passado, por exemplo), o G1 serve ainda como ponto de partida para que se estabeleçam várias rivalidades uma vez que, pelos contornos do torneio, obriga a que lutadores que raramente se encontram durante o ano compitam entre si, sejam eles aliados ou não. Na edição do ano passado, por exemplo, Shinsuke Nakamura defrontou o seu antigo rival Katsuyori Shibata (que já não encontrava no ringue há precisamente 10 anos) assim como, na final, perdeu para o seu camarada nos CHAOS, o “Rainmaker” Kazuchika Okada, num encontro inédito que já não ocorria desde 2012 (precisamente também no G1 desse ano).

Outra das idiossincrasias do G1 é a incrível qualidade de cada um dos eventos individuais que compõe o torneio, não só pela originalidade dos encontros, como por uma vontade manifesta de superação assumida e demonstrada por todos os lutadores. Novamente na edição do ano passado, para muitos a melhor de sempre, as jornadas 4, 7, 8 e 11 são tidas como dos melhores eventos alguma vez produzidos neste tipo de espectáculos, em termos de nível qualitativo global de todos os combates em exibição. Salienta-se o facto de estas 4 jornadas se terem passado num intervalo de cerca de 10 dias apenas, com vários (neste caso cerca de 6) candidatos a combate do ano.

Desde que assumiu a designação G1 Climax em 1991, todos os vencedores do torneio foram japoneses e formados no “dojo” da NJPW, pese embora serem frequentes as participações de lutadores estrangeiros – apenas os norte-americanos Rick Rude em 1992 e Karl Anderson em 2012 chegaram sequer a disputar a final. Já nos tempos pré-G1 Climax contam-se as vitórias dos míticos André the Giant (MSG League 82 e IWGP 85), Hulk Hogan (IWGP 83) e Big Van Vader (World Cup 89), no meio de um mar de vitórias de Antonio Inoki (fundador da NJPW, com 10 vitórias entre 74 e 88; o outro único vencedor deste período foi Seiji Sakaguchi em 76 e 77). Posto isto impõe-se uma breve análise aos grupos do torneio.

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Grupo A
– “100 Nen ni 1-ri no Itsuzai” Hiroshi Tanahashi (vencedor 2007)
– “Phenomenal” A.J. Styles
– “Golden Star” Kota Ibushi
– “Stardust Genius” Tetsuya Naito (vencedor 2013)
– “Bôsô King Kong” Togi Makabe (vencedor 2009)
– “The Wrestler” Katsuyori Shibata
– “The UnderBoss” Bad Luck Fale
– “The Outlaw” Doc Gallows
– “Môushi” Hiroyoshi Tenzan (vencedor 2003, 2004, 2006)
– “Sukonaru Dai Dorobo” Toru Yano

O grupo A é bastante forte e conta com vários candidatos a finalista: Tanahashi, recordista em títulos de campeão na NJPW (7) e antigo vencedor do G1 (2007), será sempre candidato; o norte-americano Styles, campeão em título até ao início deste mês quando perdeu para Okada, pelo sucesso que tem tido pode perfeitamente tornar-se o primeiro estrangeiro a vencer; Ibushi, vencedor da New Japan Cup deste ano, é a mais recente e popular sensação da NJPW e está de volta após ter falhado o torneio de 2014 devido a lesão. Espera-se muito dele, embora continue sem conseguir vencer um título de campeão desde que fez a transição para a divisão de pesos-pesados; Naito, vencedor em 2013 embora o público tenha aderido pouco a esse sucesso, parece estar em processo de mudança da sua personagem, até ver para melhor, sendo ainda incerto o rumo que irá seguir daqui para a frente; Makabe, o actual campeão do título NEVER, ex-campeão mundial e também antigo vencedor do G1 (2009), poderá ver aqui, e aos 42 anos, uma última oportunidade ao título principal; Shibata, após ter finalmente vencido um título no Wrestle Kingdom 9 em Janeiro, poderá finalmente mostrar que pertence à divisão de elite, acabando com a sua aura de proscrito em remissão (Shibata, que se estreou pela mesma altura que Tanahashi e Nakamura, abandonou a companhia em 2005, quando esta atravessava tempos difíceis, tendo regressado apenas em 2012).

Dos restantes, Fale e Gallows certamente irão tentar ajudar Styles, o seu líder nos Bullet Club, Tenzan tentará honrar o seu estatuto de recordista em torneios G1 (vigésima participação, um feito que será seguramente assinalado) e Yano deverá continuar a ser o palhaço da companhia, roubando vitórias quando e onde puder! Logo a abertura, no dia 20, com Styles v Shibata (inédito) e Tanahashi v Ibushi promete (havendo ainda expectativa para as desforras de Tana, Ibushi e Naito para Styles (conquistou o título mundial em Fevereiro ao primeiro e derrotou o segundo em Abril e o terceiro no Wrestle Kingdom 9), assim como os confrontos entre Makabe, Shibata e Ibushi, pelo estilo “durinho” que os caracteriza.

Grupo B

– “Rainmaker” Kazuchika Okada (vencedor 2012, 2014)
– “King of Strong Style” Shinsuke Nakamura (vencedor 2011)

– “Aramusha” Hirooki Goto (vencedor 2008)
– “CHAOS no Tokko-yaro” Tomohiro Ishii
– “Gowan” Satoshi Kojima (vencedor 2010)
– “Blue Justice” Yuji Nagata (vencedor 2001)
– “Minna no Kokeshi” Tomoaki Honma
– “The Machine Gun” Karl Anderson
– “Mr. R Rated” Yujiro Takahashi
– “Unbreakable” Michael Elgin

O Grupo B talvez fique ligeiramente atrás do A mas tem também muita qualidade: Kazuchika Okada, campeão em título e no seu terceiro reinado, foi também o vencedor mais novo de sempre do G1 (24 anos em 2012, e logo na estreia no torneio), assim como o vencedor do torneio do ano passado.

Se a ideia é continuar a bater recordes conseguir o seu terceiro torneio ainda por cima como campeão mundial (algo que já não acontece desde 2000), ganhando dois seguidos (nenhum lutador vence 2 torneios seguidos desde Tenzan em 2004) seria uma afirmação definitiva do seu estatuto; Shinsuke Nakamura, antigo vencedor do G1 (2011), o facto de ter perdido recentemente o “seu” título Intercontinental pode deixar antever uma vitória aqui, especialmente se o seu adversário no Wrestle Kingdom for Okada ou Tanahashi, que garantiria obviamente casa-cheia no maior evento do ano; Goto, o samurai, depois de uma longa travessia no deserto este ano tem-lhe corrido bem com dois títulos conquistados, a sua última vitória no G1 foi há já bastante tempo mas parece que a NJPW está finalmente a apostar forte num lutador que até há pouco tempo era conhecido por morrer na praia; Ishii, talvez o lutador mais subvalorizado do mundo, já mostrou que pode ter um combate de primeiríssima água com qualquer um, com o aproximar dos 40 anos e com alguns problemas de ordem física, uma vitória aqui seria uma espécie de prémio de carreira para um dos grandes trabalhadores dos últimos 3 anos na NJPW.

Finalmente, Kojima e Nagata, antigos vencedores serão sempre ossos duros de roer e poderão proporcionar alguma surpresa, Honma, outro veterano extremamente popular entre o público poderá também almejar a uma espécie de distinção de carreira e vingar o torneio do ano passado em que perdeu (tangencialmente) todos os combates em que participou, Anderson e Takahashi deverão trabalhar em conjunto como membros do Bullet Club, sendo que de Elgin (lutador convidado, da companhia norte-americana Ring of Honor) se espera que faça número e boa figura ao pé dos outros, já que é a primeira vez que compete no G1 (é o único estreante deste ano).

Neste grupo o destaque vai directamente para o terceiro Okada v Nakamura, a final do ano passado entre as duas grandes figuras da facção CHAOS (agendada para o penúltimo dia, quem sabe se não decidirá quem passa para a final), mas os encontros com Ishii (também da CHAOS) e a desforra de Nakamura para Goto (que o derrotou já por duas vezes este ano) e de Nagata para Nakamura (derrota em Fevereiro no New Beginning) são também pontos de interesse.

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A transmissão de todos os eventos é possível através do serviço de stream da NJPW, o NJPW WORLD, que inclui também visualização de eventos de toda a história da NJPW (desde 1972), com um custo de ¥999 por mês (cerca de €7,39; informações como aceder aqui), e que será válido como assinatura para todo o G1 (não sendo necessário subscrever 2 meses) o que, feitas as contas, dá cerca de 40 cêntimos por evento. Uma pechincha pelo melhor puroresu do planeta!

Escrito por: João Mota

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