São imensas as diferenças culturais entre Portugal e o Japão. Uma delas é o uso da assinatura para validar documentos quer sejam eles importantes ou não. No Japão não é frequente usar-se a assinatura como é costume no ocidente. Em substituição dessa prática é utilizado um carimbo denominado de “hanko” e que normalmente tem impresso o apelido do seu titular escrito em kanji.
Esta prática do uso do carimbo remonta ao ano de 57 d.C. Este carimbo era feito de ouro sólido e era símbolo da autoridade imperial. Os homens da nobreza começaram a usar o “hanko” pessoal depois do ano 750, mais tarde
na idade média os samurais também começaram a usá-lo, mas só no ano de 1870 é que passou a ser usado por todos os japoneses com idade maior de 15 anos que tenham residência fixa.
O “inkan” ou “hanko” é bastante importante pois tem a mesma validade legal de uma assinatura. Normalmente os adultos japoneses possuem dois ou três, vários “mitome-in” (carimbo pessoal) e um “jitsu-in” (carimbo registado), que tem um registo oficial na prefeitura local (o equivalente à nossa câmara municipal) e é utilizado para carimbar os documentos legais ou contratos. Em documentos importantes como registo de carro, depósitos ou levantamento de dinheiro no banco, compra de casa costuma-se carimbar com este “jitsu-in” sobre o seu próprio nome. A marca do carimbo é mais importante que a sua assinatura, por isso deve-se ter cuidado quando se carimba algum documento.
O “jitsu-in” é um carimbo feito sob encomenda numa loja especializada seguindo padrões regulamentados. Deve ser feito à mão e fabricado num material sólido e devem ter um diâmetro entre os 8mm y 25mm. É um carimbo personalizado e por isso é aconselhável informar-se antes na prefeitura local para evitar erros.
Já o “mitome-in” também chamado “sanmon-ban”, é um carimbo pessoal, comum e feito em série. Podemos encontrá-lo em qualquer papelaria, ou mesmo nas (as chamadas lojas dos 100 ienes), ao contrário do “jitsu-in” que chega a rondar os 4000 ienes. Normalmente este carimbo pessoal é usado para aprovar memorandos e outros documentos do dia-a-dia.
Mesmo sabendo que é cada vez mais fácil falsificar este tipo de carimbos devido às novas tecnologias o sistema vai-se mantendo apesar de que existem grandes possibilidades de não sobreviver daqui a mais alguns anos. Ainda assim, é conveniente que os “gaijin” (palavra japonesa para os estrangeiros) que vivam no Japão tenham também o seu “hanko” para que a vida seja mais facilitada.
Autor: Fernando Ferreira