Se por um lado a cidade de Tóquio é uma mega cidade com milhares de arranha-céus, também por outro é um local onde encontramos imensos espaços verdes para satisfação dos japoneses um povo muito ligado à natureza.
Um desses espaços verdes que podemos encontrar na capital japonesa é o Koishikawa Korakuen (小石川後楽園), um jardim com imensas flores e eventos sensacionais e que foi construído no século XVII no bairro de Bunkyo-ku.
Este jardim japonês fica ao lado do gigantesco estádio de baseball Tokyo Dome e que também muitas das vezes serve para imensos concertos e outras actividades lúdicas. O Koishikawa Korakuen foi idealizado e iniciado em 1629 durante o período de Edo por Mito Yorifusa, o décimo primeiro filho de Iwyasu Tokugawa, mas foi apenas finalizado pelo seu filho, Mito Mitsukuni. que pertenciam a uma das três grandes famílias com poder para assumir o papel de Xogunato de Tokugawa.
Influenciado pelos ideais do confucionismo, Mitsukuni durante a criação do jardim permitiu que um sábio confucionista chamado Shunsui Shu participasse com algumas sugestões paisagisticas para aquele recanto verde. Por este motivo, o próprio jardim tem uma forte influência chinesa. A principal característica deste jardim é a possibilidade de observarmos os vários lagos, montanhas e rios do Japão representados nas suas estruturas. Este “jardim Kaiyu-shiki tsukiyama sensui” contém um tsukiyama (monte artificial), aves, rios, campos de arroz e um lago, o que o torna perfeito para dar um passeio, além de replicar o cenário de Rozan, na China, e do Rio Oigawa, em Quioto. Em particular, o destaque do jardim é o “Daisensui”, que representa o Lago Biwa, o maior lago do Japão. Diz-se que a família Mito Tokugawa andava de barco neste lago.
O Koishikawa Korakuen foi/é projetado no estilo Kaiyu-shiki (jardins de caminho), ou seja, são locais que foram concebidos para desfrutar de um caminho em torno do jardim. Ricos em simbologias os elementos do jardim japonês são essenciais para compor o cenário espiritual e sensitivo da paisagem no Koishikawa Korakuen. Os principais elementos são os lagos e carpas, onde a água representa a vida, a paz e a pureza, enquanto as carpas a fertilidade e prosperidade. As pontes que representam evolução e auto-conhecimento, quando feitas de bambu simbolizam a capacidade de adaptação.
Os arbustos e árvores representam o silêncio e a eternidade e as flores perfumadas que muitas das vezes não serem evidenciadas nos jardins japoneses são utilizadas para receber os visitantes e afastar os maus espíritos, e não podia faltar a tradicional árvore japonesa a Sakura ou Cerejeira-japonesa-rosa símbolo da felicidade, basta lembrar-nos da festa especial que acontece todos os anos entre os meses de Março e Abril, o Hanami. Existem eventos mensais, tais como o Festival de Ume (Ume é uma ameixa japonesa) em Fevereiro, plantação de arroz nos campos em Maio, colheita de arroz em Setembro. Os visitantes podem ver os áceres e as Gingko biloba com cores avermelhadas e amareladas no Outono e a vista do Rio Oigawa é soberba.
O nome do jardim, “Korakuen”, foi retirado de um antigo texto chinês no “Gakuyoro-ki” de Hanchuen, admirado por Mitsukuni, e que dizia que “há a necessidade de aqueles que estão no poder preocuparem-se em manter o poder primeiro e para depois poderem disfrutar esse poder mais tarde”. E foi assim que ficou o nome de Korakuen escolhido, “o jardim para desfrutar o poder mais tarde”.
Nos termos da Lei de Preservação de Ativos Culturais, o Koishikawa Korakuen foi designado como um importante bem histórico e um local de especial importância histórica. Esta designação dupla foi dada apenas a locais tão importantes como Koishikawa Korakuen, Kinkakuji, entre outros.
O Jardim Koisikawa Korakuen está fechado de 29 de Dezembro até 1 de Janeiro. No Dia Verde (Feriado Nacional japonês; 4 de Maio) e no Dia Tomin (feriado para os cidadãos de Tóquio; 1 de Outubro), a entrada para o jardim é gratuita.
Escrito por: Fernando Ferreira