Por estes lado, há quem lhe chame pizza, outros, panqueca, sempre de nacionalidade japonesa. No entanto, quem provar okonomiyaki pela primeira vez não irá descobrir o sabor nem de um, nem de outro. Afinal, okonomiyaki não é nada disso. É um prato que pode ser (quase) tudo aquilo que quisermos, desde que seja grelhado: “Yaki” significa grelhado, e, por sua vez, “okonomi”, é algo que desejamos, que queremos.
Assim, chamar-lhe pizza ou panqueca, é apenas uma espécie de “trompe l’oeil” em torno do prato. Ou talvez não. A base de okonomiyaki é semelhante à de uma panqueca, e, à semelhança de uma pizza, pode levar diversos ingredientes, variando de região para região, como de Osaka para Tóquio e de Tóquio para Hiroshima.
Porém, diz-se que a sua origem reside na região de Kansai, mais especificamente em Osaka. No entanto, ao que parece, a receita terá sido importada de Tóquio para Osaka, onde, de facto, ganhou grande popularidade.
As origens deste prato remontam ao período Edo (1600-1868). Porém, foi durante e após a Segunda Guerra Mundial que o okonomiyaki se foi vulgarizando. A receita para o sucesso? O seu baixo custo. Dada a escassez do arroz e seu preço elevado durante os anos de guerra, a farinha – ingrediente base do okonomiyaki – tornava-se numa alternativa pouco dispendiosa para a alimentação.
Assim, partia-se de uma base feita de farinha, semelhante a uma panqueca frita e adicionavam-lhe os restantes ingredientes, tais como a cebola, a couve, e mais tarde, ovo, e mesmo carne de porco.
Mas o que o okonomiyaki tem de melhor, é que estes não são ingredientes fixos, pois não há uma única receita para o cozinhar. Há várias formas de confeccionar este prato muito apreciado pelos japoneses – e também pelos estrangeiros. Para quem vem de fora, são muito populares nos guias de turísticos os restaurantes de okonomiyaki tradicionais, constituídos por um balcão de metal onde se frita esta espécie de panqueca.
Nesses locais, na maior parte dos casos, são dados ingredientes e uma espátula ao visitante, que lhe irão permitir cozinhar livremente esta espécie de panqueca. Mas, para os que se sentem intimidados ou simplesmente com preguiça, há também outros restaurantes de okonomiyaki, do mesmo género, mas em que um chef cozinha para os clientes. É só necessário sentar, pedir, e observar os movimentos de quem sabe confeccionar okonomiyaki. E claro, no final, deliciar-se com o resultado acompanhado de uma caneca de cerveja.
As três regiões que apresentam as principais variações de okonomiyaki são Kansai/Osaka, Tóquio e Hiroshima. No entanto, como já referimos, não há uma receita única. Ainda assim, eis como se pode “fabricar” okonomiyaki, “à moda” de Osaka:
Ingredientes:
1 inhame (o maior que conseguirem encontrar)
160 gramas de farinha
200 gramas de presunto
1 couve
½ cebola
1 lula
1 pequena taça de camarões secos
6 ovos
1 pequena taça de tenkasu (mistura frita de água e farinha que resta de tempura)
Molhos:
Dashinomoto instantâneo (molho instantâneo)
Maionese
Molho Worcestershire
Mostarda
Molho de soja
Modo de Preparação:
– Juntam-se os ovos e a farinha. É importante não adicionar farinha em demasia, caso contrário, a okonomiyaki ficará demasiado dura.
– O inhame, que terá sido transformado em puré entretanto, adiciona-se à massa.
– Em seguida, deitar uma pitada de dashinomoto instantâneo, juntamente com maionese q.b. e molho de soja.
– Corta-se a couve em tiras finas e junta-se à massa já preparada.
– A cebola deve ser também cortada à rodelas e posteriormente adicionada, em conjunto com a lula. Mexer bem durante alguns minutos.
– Juntam-se em seguida, ao preparado, os camarões e o tenkasu e mexe-se tudo novamente.
– Finalmente, chega o momento de fritar. Como as placas aquecidas não são tão comuns entre nós, o melhor é recorrer à tradicional frigideira. O importante é que a okonomiyaki fique estaladiça por fora e cozida no interior.
– Coloca-se óleo na frigideira e espalha-se a massa como se se tratasse de uma panqueca. Entretanto, adicionam-se as tirinhas de presunto.
– Quando um dos lados já estiver bem frito, vira-se a “panqueca” para o lado cru. Esta é uma operação delicada e deve realizar-se apenas quando um dos lados estiver devidamente cozinhado e com o auxílio de duas espátulas, para que a “panqueca” não se parta.
– No momento em que ambos os lados estiverem bem fritos e cozinhados, espalha-se maionese, molho Worcestershire e a mostarda, ao gosto de cada um. Corta-se em pequenos pedaços e deve comer-se ainda quente.
Ittadakimasu!
Autor: Sara Peres