É um dos mais importantes “jardineiros” japoneses, Shigemori Mirei (1896-1975) é um designer de jardins que além desta sua profissão fez importantes pesquisas em diferentes áreas científicas e ainda foi autor de vários livros sobre os jardins históricos do seu país.
Desde a sua juventude que esteve ligado à cultura tradicional do Japão, como o ikebana (arranjos florais) ou a cerimónia do chá. A viver em Quioto desde 1929, Shigemori Mirei começou a sua carreira de investigação estudando a arte do ikebana e com o passar dos anos começou a interessar-se pelos jardins japoneses com o intuito de restaurá-los e tentar salvá-los dos possíveis desastres naturais.
Co-fundou a Kyoto Rinsen Kyokai com outras pessoas, em 1932. Após a destruição causada pelo tufão Muroto em 1934. Em 1938, terminou a publicação de 26 volumes sobre a história do Jardim Japonês, uma documentação inédita e meticulosa de grandes jardins no país que ele revisou em 1971, pouco antes de sua morte.
Shigemori Mirei começa a sua carreira como um designer de jardins, em 1914, com um jardim e sala de chá na propriedade da sua família. O seu primeiro grande trabalho foi um projecto para o jardim em Tofuku-ji em 1939. Projectou 240 jardins, e trabalhou principalmente em karesansui (termos japonês para definir os jardins secos, como são os de pedra). Muitos dos seus jardins estão em locais religiosos, mas também tem algumas obras em contextos culturais ou comerciais, como prova disso Shigemori Mirei colaborou com Isamu Noguchi na escolha de pedras para o Jardim da UNESCO em Paris.
Admirador de Kandinsky, Shigemori sempre quis atingir a “modernidade eterna”, e não hesitou em reconhecer-se como a vanguarda, mantendo a fidelidade à tradição estética japonesa. Já nos anos 20, Shigemori e seus amigos definiram uma visão clara de futuro para o ikebana. Por assim dizer, eles queriam viver o espírito das artes abstratas contemporâneas na estética vernáculas tradicionais.
Segundo Shigemori, o jardim japonês entrou no declínio a partir de meados da era Edo (1603-1868): para endireitá-lo, foi necessário criar por si só novos jardins, inspirados pela arte contemporânea ocidental.
Em todas as suas obras, Shigemori Mirei apenas utilizou materiais e técnicas tradicionais. Os seus jardins, naturalmente, não são como os de antigamente, notamos uma exuberância notável e uma personalidade de autor em todo lugar visível nas suas obras.
Shigemori Mirei manteve o seu estilo até a morte, e é em 1975 com os jardins Matsunoo-taisha, em Matsuo (Quioto), que o designer de jardins tens o seu canto do cisne.
Escrito por: Fernando Ferreira