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Sukita Masayoshi

Depois do adeus que David Bowie nos disse no dia de hoje (11.01.2016) era invevitável que tivessemos que falar num dos fotógrafos com quem o camaleão trabalhou durante a sua carreira.

Originário de uma pequena cidade de mineira na região norte de Kyushu, no Japão, Sukita Masayoshi (鋤田正義) nasceu a 5 de Maio de 1938. Tinha apenas 7 anos quando recebeu a notícia que o seu pai tinha sido morto na linha de frente na China durante a Segunda Guerra Mundial. Foram poucas as lembranças que Sukita ficou do pai, no entanto, houve uma que trouxe para o resto da sua vida, a de ver o seu pai a tirar fotografias.

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Ainda em criança, o seu tio levava-o para o cinema para tentar fazer esquecer o trágico acontecimento e que se tornou numa influência ao longo da sua vida. Já na adolescência, Sukita fazia viagens de bicicleta de mais de 100km para ir ver cinema americano. Foi altamente inspirado por filmes protagonizados por Marlon Brando e James Dean, e nos filmes onde encontrou rock’n’roll. Ele credita no cinema e na música a fonte de inspiração para a sua arte, a fotografia.

Após terminar o liceu, e mais dois anos na escola de fotografia, Sukita tornou-se assistente numa agência de publicidade em Osaka. Em 1965, muda-se para a capital japonesa, e vai ganhando a vida a tirar fotos e filmando moda para anúncios de televisão. Torna-se fotógrafo freelancer cinco anos mais tarde, e nesse mesmo ano casa com a sua esposa Hiroko.

Logo no ínicio dos anos 70, visita regularmente a cidade de Nova Iorque, atraído pela subcultura que rodeava Andy Warhol. Em Nova York, tira fotos a Jimi Hendrix poucos meses antes de sua morte. A música e cultura de Londres também atraiu Sukita por isso, decide também visitar a capital inglesa onde se encontra com Marc Bolan (T-Rex).

A convite do realizador Shūji Terayama em 1971, Sukita é responsável pela fotografia do filme experimental Throw Away Your Books, Rally in the Streets (書を捨てよ町へ出よう), filme este que foi o grande vencedor do Festival de Cinema de San Remo.

Foi em 1972, que Sukita encontra David Bowie pela primeira vez. Mesmo antes de ter ouvido a música de Bowie, Sukita viu um cartaz impressionante a promover um concerto e sentiu que tinha de ir, simplesmente pela força do cartaz. Ficou completamente rendido ao estilo de performance inovadora de Bowie e de todas aquelas influências cinematográficas. Logo após o concerto, Sukita apenas queria mais uma coisa, garantir uma reunião para mostrar o seu portfolio fotográfico ao empresário de Bowie. Não foi nada fácil, devido ao seu Inglês limitado. A reacção foi extremamente positiva, e uma sessão de retratos com Bowie foi arranjado. Mas no Verão desse mesmo ano, começou uma colaboração de mais de 40 anos entre os dois artistas.

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Em fotos tiradas no ano seguinte, Bowie usa roupas criadas pelo estilista e designer japonês Kansai Yamamoto. Sukira dispara a sua máquina para mais uma fotografia espectacular, onde Bowie coloca os seus braços para trás simulando que está em pleno vôo, numa pose completamente manga. As suas pernas curvam-se, as calças largas de couro listado permitem a facilidade de movimento e a postura deve-se à formação em dança de Bowie com Lindsay Kemp. Sempre que coloco a minha câmera à sua frente ele coloca-se em poses verdadeiramente interessantes – diz Sukita.

No ano seguinte Sukita recebe David Bowie para uma estadia no Japão. Acompanhou-o em numerosas visitas e ao longo dos anos, entre conferências de imprensa e sessões de fotos, Sukita e Bowie exploraram os encontros de amigos e os passeios pela cidades como uma forma de aumentar o seu portfólio fotográfico.

Em 1977 Sukita tira a fotografia que o catapultou para a fama e provavelmente a fotografia mais famosa de David Bowie. A fotografia foi depois usada para a capa do disco Heroes. Durante a sua estadia em terras de Sua Majestade Sukita também fotografou punks em Londres e muitos músicos, incluindo David Sylvian, o Yellow Magic Orchestra e T-Rex, continuando assim a trabalhar em fotografia publicitária e de moda.

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Desde 2010 que Sukita Masayoshi tem vindo a fazer exposições retrospectivas do seu já longo currículum. Começou com uma exposição intitulada “YELLOW MAGIC ORCHESTRA × SUKITA unpublished photo exhibition” na Galeria 3331 ARTS em Tóquio. Dois anos mais tarde, inaugura “beautiful” no Museu Parco em Shibuya e também “SOUND & VISION” no Museu Metropolitano da capital japonesa. Em 2013 a cidade de Londres recebe a exposição “Masayoshi Sukita: Photographs of David Bowie by 1972 to 2002”. Ainda no mesmo ano nasce a exposição “RETROSPECTIVE SOUND & VISION Special installation” em Fukuoka que depois viaja para a cidade de Osaca.

Actualmente com 74 anos Sukita ainda está trabalhar em grande parte como director de fotografia em anúncios publicitários. A última vez que fotografou Bowie foi em 2009. Numa entrevista em 2009 ele disse que gostaria de voltar a fotografá-lo nesse ano ou no próximo, mas como ele teve um ataque cardíaco fulminante em 2004 fica cada vez mais difícil… ele precisa de descansar.

Escrito por: Fernando Ferreira

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