Encontrei este livro numa Feira do Livro Dado em Coimbra. É mesmo verdade ainda existe gente a dar livros, mas isso são outras conversas… Já tinha lido dois títulos de Taichi Yamada, “Desconhecidos” e “Em busca de uma voz distante” (2007) por isso não hesitei e peguei neste livro sem qualquer hesitação.
Ao ler a sinopse do livro encontramos algo familiar com outras histórias mais ou menos conhecidas. Podemos dizer que este “Um dia sonhei que voava” é uma espécie de “mashup” que junta o clássico Lolita de Nabokov com uma versão feminina de “O estranho caso de Benjamin Button”, um conto homônimo lançado em 1921 pelo escritor F. Scott Fitzgerald.
Neste livro conhecemos Taura, um homem de meia idade que partilha por umas horas o mesmo quarto de hospital com uma senhora de 60 anos de nome Mutsuko. Meses mais tarde, reencontra-a mas não acredita no que os seus olhos vêem. Mutsuko estava agora com menos 20 anos. Ela regridiu na idade a olhos vistos mas a sua experiência de vida mantêm-se na idade que tinha quando conheceu Taura.
Ao longo do livro vamos assistindo ao vários momentos em que Mutsuko regride na idade, 60, 40, 20, 11 e 4 e a forma como o adulto de meia idade se relaciona com aquela mulher, jovem, criança.
É fácil criarmos empatia com estas duas personagens e a afinidade vêm logo desde as primeiras páginas do livro que tem uma narrativa rápida e com acção fluída mas também encontramos episódios contemplativos, profundos e com uma moral íntrinseca, tornando este livro uma obra equilibrada.
Já era fã dos livros livros “Desconhecido” (ler review) e de “Em busca de uma voz distante” (ler review), mas depois de ler este “Um dia sonhei que voava” (com título original de 飛ぶ夢をしばらく見ない – Tobu yume wo shibaraku minai) fiquei ainda mais fã do escritor, mesmo sabendo que alguns dos críticos falem que Yamada não tenha o brilhantismo do escritor Murakami Haruri.
Assim sendo, se procurarem um bom e pequeno livro para ler rapidamente este pode ser uma excelente opção e também a oportunidade para conhecer mais um escritor japonês da “nova vaga”. O livro pode ser encontrado em edições em várias línguas. A versão original foi editada no Japão em 1985 e a edição portuguesa foi lançada pela Civilização Editora em 2008.
Escrito por: Fernando Ferreira