É considerada uma das grandes artistas pop japonesas da actualidade e tem uma história de vida incrível, cheia de altos e baixos, mas que nem de longe, ofusca sua bela arte contemporânea, conhecida como Polka Dot. Hoje, aos 82 anos, a Yayoi Kusama continua a criar. O seu trabalho é uma mistura de diversas artes como, colagens, pinturas, esculturas, performance e instalações ambientais, onde é visível uma característica que se tornou a marca da artista: A obsessão por pontos e bolas.
Em todos os seus trabalhos, sentimos um quê de surrealismo, modernismo e minimalismo, assim como notamos o padrão de repetição e acumulação. Kusama também foi/é escritora, e até ao momento já lançou 13 livros (romance e poesia). Alguns dos seus romances são considerados chocantes e surrealistas. Mas de onde vem tanta criatividade?
Tudo indica que é devido à esquizofrenia, que a fazia ter uma percepção e uma visão diferente da realidade em que vivia. Segundo a própria, sempre foi atormentada por visões distorcidas, que a faziam ver bolas e pontos. Yayoi nasceu a 22 de Março de 1929 em Matsumoto-shi (Nagano Ken) e desde a infância sofre com alucinações. A sua relação com sua mãe não era saudável. Segundo Yayoi conta, a sua mãe era uma mulher de negócios e que jamais aceitou a veia artística da filha, chegando até a agredi-la fisicamente diversas vezes por causa disso. Toda esta situação pode ter ajudado a piorar o quadro psíquico de Yayoi, assim como gerou uma grande instabilidade emocional.
No caso de Yayoi, além das alucinações, muitas vezes suicida, ela tornou-se numa pessoa com TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), ou seja, as bolinhas e os pontos, tornaram-se uma verdadeira obsessão. Este estado reflete-se em tudo que venha da artista, não só em todo o seu processo artístico como também no seu aspecto visual, que chama muita atenção, mesmo hoje em dia, com mais de 80 anos. Aos 27 anos, Kusama, resolveu ir para os Estados Unidos, a pedido de uma grande amiga e artista, Georgia O’Keeffe. Nessa época, o Japão ainda recuperava da guerra e Kusama percebeu que fora do Japão, poderia exercer sua arte e ganhar mais reconhecimento.
Em Nova Iorque, ela trabalhou com grandes nomes da Arte Moderna e Contemporânea como Andy Warhol, Joseph Cornell e Donald Judd e logo passou a liderar o movimento da vanguarda. Participou de diversas exposições de arte a céu aberto no Central Park e Brooklyn Bridge, muitas vezes envolvendo nudez. Engajou-se numa campanha contra a guerra do Vietname e foi, ou melhor, continua a ser, uma grande simpatizante na luta dos homossexuais por seus direitos na sociedade.
Enfim, sempre foi uma mulher à frente do seu tempo, feminista, moderna e revolucionária por natureza. Em 1973, Kusama, resolveu regressar ao Japão por problemas de saúde. O seu transtorno obsessivo tinha-se agravado, e foi internada num Hospital Psiquiátrico onde vive até hoje por vontade própria, apesar de usar o seu apartamento a poucos minutos do Hospital como atelier.
As suas obras possuem um valor inestimável. Um dos seus trabalhos foi vendido pela galeria Christie New York pela quantia de 5,1 milhões de dólares, um recorde para um artista vivo do sexo feminino.
Considerada louca por alguns, Yayoi Kusama encontrou na arte, a fuga e o tratamento da sua doença, tornando-se um dos grandes nomes da Arte Pop actual. E citando as suas palavras: “ Se não fosse a minha arte, já estaria morta há muito tempo”.
Escrito por: Fernando Ferreira
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[…] Quadros peculiares durante a fila. São incríveis! Pesquisei sobre ela, e sua história é muito interessante! A artista é esquizofrênica desde a infância e isso a fazia ter uma visão distorcida do mundo, vendo em maior parte pontos e bolas (algo extremamente predominante em seus trabalhos). Vive até hoje em um hospital psiquiátrico e continua fazendo sua arte (fonte). […]
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