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Yakushima

Depois de ter visto há mais ou menos dois meses o documentário “Legendary Giant Tree of Yakushima” realizado por Akihiko Ida e produzido pela a NHK, o canal público do Japão, achei que seria interessante escrever um pequeno artigo sobre esta enorme floresta situada na ilha de Yakushima (屋久島).


Devido à sua extensa, densa e intocável floresta tropical, esta ilha localizada a sul de Kyushu e integrada na província de Kagoshima, é conhecida como a Ilha Encantada. É um lugar único no mundo e por esse motivo a UNESCO declarou-a como Património Mundial em 1993.

O primeiro homem a colocar Yakushima no mapa foi o botânico norte-americano E.H.Wilson, que em 1925 viajou até à ilha para pesquisar as árvores milenares das florestas locais. Uma das suas caminhadas pela ilha é marcada por um episódio no mínimo curioso. Para fugir a uma tempestade o botânico decidiu abrigar-se numa caverna. Para seu espanto, ao colocar as suas mãos nas paredes da dita caverna reparou que as paredes não eram de material rochoso, mas sim de madeira.

A madeira que protegia Wilson pertencia a um cedro japonês, Yaku Sugi (na língua japonesa) ou cryptomary (Cryptomeria japonica) e que é a árvore nacional do Japão que frequentemente é plantada à volta dos templos. Chamam-se “yaku sugi” aos cedros que têm mais de 1000 anos de idade, e que crescem naturalmente nas montanhas com mais de 500 metros de altitude na Ilha de Yaku.


Diz-se que aqueles que têm mais de 2000 anos de idade possuem poderes espirituais. A circunferência do tronco ronda os 15 metros e mede cerca de 30 metros de altura. Tem aproximadamente 2100 a 7200 anos de idade. Dada a forma como a árvore cresceu, rebaixando a restante vegetação à sua volta, confere a esta árvore algo de espiritual, que se tornou no símbolo da Ilha de Yaku.

O seu nome “yaku sugi” evoca o antigo período Jomon (縄文時代), o nome da primeira cultura no arquipélago japonês. Os ancestrais dos Jomon ocuparam as ilhas nipónicas desde o final da quarta glaciação por volta de 14 mil a.C., eram caçadores-coletores e faziam vasos de cerâmica.

Actualmente, para visitar a ilha é preciso entregar-se um formulário de registo e, posteriormente, escalar montanhas durante 8 a 10 horas para chegarmos ao ponto mais alto da ilha, o Monte Miyanouradake com 1.935 metros de altitude ou para vermos o Jōmon Sugi. Além disso, não é possível chegar-se perto dos cedros, sendo apenas possível observá-los a partir de um terraço de madeira a 10 metros de distância, de modo a preservar as árvores.

Esta floresta com uma atmosfera de selva, de velhas árvores, musgo e brumas inspirou Hayao Miyasaki (Tóquio, 1941) para os cenários de um dos seus filmes de animação mais icónicos “Mononoke Hime”. Admirado e popular por todos os japoneses não foi estranho pouco tempo depois que um dos trilhos da floresta Património Mundial fosse baptizada de “A Floresta da Princesa Mononoke”.

Escrito por: Fernando Ferreira

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