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[Entrevista] : Japon Brand

No Japão, país onde o divertimento cada vez mais é dominado pela tecnologia e pelo virtual, ainda existem resistentes que não se deixaram vencer por essas novas praticas de entertenimento e ainda preferem o convivio à volta de uma mesa para se divertirem.
O ClubOtaku conversou com Nobuaki Takerube (promotor da Japon Brand), um dos “poucos” resistentes a jogar os tradicionais jogos de tabuleiro como a criá-los através da sua editora para os outros no país do Sol Nascente.

Quando começou a criar os seus próprios jogos? E porquê?
Desde a escola primária que jogo “boardgames” e desde esse tempo que pegava em coisas que gostava nos jogos e recriava-os. Acho que tenho o gosto inato pelos jogos de tabuleiro desde sempre.

Quais foram os seus jogos favoritos de infância? E pensa que eles o influenciaram na forma de ver os jogos actualmente como criador?
O Clue foi o meu jogo favorito de infância e juventude. Adivinhar todos aqueles segredos era engraçado para mim e sem dúvida que influênciou toda a minha vida futura.

Quem são os seus designers preferidos e porquê?
Existem imensos designers interessantes no mundo inteiro. Mas, eu admiro o Sr. James Ernest. As suas mecânicas de jogo e o seu sentido de humor são incríveis. Geniais!

Para um jogo fazer parte da lista de favoritos, que ingredientes precisa de ter?
Antes de mais precisamos de ter familia ou amigos. Jogar jogos de tabuleiro é comunicar. Os bons jogos têm que ser sempre equilibrados na relação da mecânica do jogo e a temática. Também a qualidade dos componentes do jogo têm que estar enquadrados com a temática. Se tivermos isto tudo de certeza que temos um bom jogo.

A maior parte das pessoas pensa que o Japão é uma sociedade exclusivamente “hi-tech”. Mas aposto que existem alguns boardgamers. Pode falar-nos um pouco sobre a comunidade de boardgamers japoneses?
O número de jogadores está a aumentar de ano para ano. Mas não é um tipo de entertenimento comum no Japão. Mas parece que as coisas estão a melhorar.
Existem bastantes designers amadores que criam bastantes jogos para consumo interno. Mas o nosso designer com mais sucesso é Susumu Kawasaki. Alguns dos jogos dele foram publicados fora do japão (Master Rules, Traders of Carthage e R Eco são alguns deles).

No Japão existem 3 grandes eventos anuais dedicados ao mundo dos Boardgames. Na primavera temos o Game Market (que costuma ter visitas na ordem das 1500 pessoas, no verão há o Japan Game Convention (mais direcionado para os RPG), e finalmente no outono o Table Game Festival.

Também existem fãs dos boardgames que editam os seus próprios jogos, mas a maior parte deles são jogos de cartas por causa dos custos de produção.

Existem algumas companhias de brinquedos (Grimpeur e Bouken) que estão a editar vários jogos de tabuleiro, mas não têm paixão pelo hobbie. E também há jogos como o Catan e o Ticket to Ride que estão fora do mercado.

Quais são os seus jogos japoneses e “mundiais” preferidos?
Goita é o meu jogo preferido japonês. Um jogo de cartas para duas pessoas.
Depois temos o Shadows over Camelot, que tem uma mecânica simples, muitos jogadores e não demora muito tempo. É um jogo cooperativo e tenta-se adivinhar o inimigo. É muito fixe!

Já esteve alguma vez em Portugal? Conhece o nosso país?
Sim, conheco. Mas ainda não tive oportunidade de visitá-lo. Nós, os japoneses aprendemos muito e “apropriamo-nos” de muitas coisas vossas. Conhecemos as armas de fogo, o cristianismo e os jogos de cartas. O nosso tradicional baralho de 48 cartas chama-se Hana-Fuda (cartas floridas) e é uma versão das Namban Karuta (o baralho de cartas português). Outro baralho tradicional tem o nome de Un-Sun Karuta e é também uma variante das Namban Karuta, que inclui cartas com dragões e que são usadas por 8 jogadores.

Sobre as descobertas portuguesas do séc. XV e XVI (em especial a chegada dos portugueses ao Japão). Acha que é uma boa temática para um futuro jogo criado pela Japan Brand?
Sem dúvida que é um tema interessante para nós. Temos que pesquisar mais e melhor sobre isso!

Como responsável pela Japan Brand, por certo que aconteceram coisas engraçadas no processo criativo aquando da criação de um jogo. Pode contar-nos algumas?
Ainda agora disse uma… Podemos cooperar para fazer um jogo relacionado com japoneses e portugueses.

E outros projectos para o futuro na Japan Brand? E projectos pessoais?
Queremos mostrar os nossos novos e antigos jogos ao mundo. E estamos sempre à procura de empresas que queiram publicar os nossos jogos.

Obrigado pela entrevista.
Eu é que tenho que agradecer… Arigatou!

Autor: Fernando Ferreira

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