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[Entrevista] : Ryoko Nyamo e Hisashi Hayashi

Encontraram-se a jogar jogos de tabuleiro, e desde esse dia decidiram ficar juntos para o resto das suas vidas. Ryo Nyamo e Hisashi Jayashi (um “game designer” da Japon Brand) casaram-se e hoje em dia criam jogos de tabuleiro no Japão, onde a comunidade cresce de dia para dia.

Falem-nos um bocado sobre vocês:
Ryo Nyamo (R) – Olá, sou a Ryoko Hayashi, podem-me chamar Ryo. Ajudo o meu marido a fazer os seus jogos de tabuleiro, principalmente as ilustrações e o design gráfico.

Hisashi Hayashi (H) – Prazer em conhecer-vos. Sou Hisashi Hayashi, e sou um game designer, mas ainda não é a minha profissão. Dois dos meus projectos, String Railway e Trains deram-me uma oportunidade, e os meus jogos passaram a ser vendidos mundo fora.

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Quando é que começaram a gostar de jogos de tabuleiro e como foi o processo para começar a criar os vossos próprios jogos?
R – Eu sou uma jogadora de RPG, adoro GURPS e D&D. Desde os tempos da secundária, eu jogava RPGs com os meus amigos depois da escola. O meu marido introduziu-me ao divertido mundo dos jogos de tabuleiro.

H – No ínicio, gostava de TRPG e de jogos de cartas colecionáveis. Quando estava na universidade, um amigo trouxe-me alguns jogos de tabuleiro. E eram completamente o meu estilo. Um outro amigo já tinha feito um jogo de tabuleiro em 2007, e o meu interesse foi estimulado. Por isso começei a criar os meus próprios jogos de tabuleiro.

A maior parte do tempo quando pensamos no Japão, apenas pensamos em videojogos. Como é a cultura dos jogos de tabuleiro no vosso pais?
R – A cultura dos jogos de tabuleiro não é grande no Japão. No entanto é um facto que os fãs dos jogos de tabuleiro subitamente aumentaram nos últimos anos. Este ano em particular, várias variantes do jogo “Werewolf” sairam umas atrás das outras!

H – Afinal de contas, videojogos, includindo a Nintendo, são muito populares no Japão. Os jogos para smartphones tambem se estão a tornar populares. Algumas pessoas apenas conhecem os jogos de tabuleiro dos velhos tempos. Mas aos poucos, aparecemos numa revista ou na TV, e o reconhecimento vai lentamente aumentando.

Eu penso que a comunidade japonesa de jogos de tabuleiro ainda está no princípio, por isso devem ter começado por jogar vários jogos americanos ou europeus. Quais são os vossos favoritos?
R – Gosto de ambos. Gosto de jogos com uma atmosfera calma, e os jogos onde quebras a cabeça de um goblin com grande alarido.

H – Eu gosto de jogos Europeus com as suas regras moderadas mais que os jogos Americanos que recomendam ataques directos e sem limites.
Quando crio jogos, a minha referencia são os europeus.

Falando sobre design e ilustração, onde é que adquirem a inspiração para criar um jogos? E em que projectos é que estão a trabalhar neste momento?
R – O design de Hisashi é baseado em matemática, mas as minhas pinceladas são vocacionadas para crianças. Eu sinto sempre que há uma incompatibilidade, mas é um incompatibilidade que nos dá um incentivo para criar.

H – As minhas ideias surgem na casa de banho, no banho, num comboio, num café e em muitos outros sítios. O pior lugar é a sala da minha própria casa. Tem demasiadas tentações.
Neste momento preparo-me para ir a Essen este ano. E o Tokyo Game Market, que é o principal festival de jogos de tabuleiro no Japão, vai acontecer no outono, e quero apresentar um novo projecto lá.

Criam os jogos junto ou cada um cria o seu próprio jogo? E quais são os temas que preferem ao criar um jogo?
R – O Hisahi faz o protótipo com o design gráfico parcial, e depois utilizo-o como referencia e crio um design completo, assim como as ilustrações.

H – Eu concebo o sistema de jogo e faço o protótipo. Eu peço a Ryo Nyamo para fazer design e a artwork para o jogo depois de o jogar experimentalmente e ter convicção neste.
Eu gosto de caminhos ferroviários e de história, por isso sou bom a fazer jogos nesses temas.

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Eu vi na vossa página que criaram um jogo sobre Portugal. Porque é que fizeram um jogo sobre o nosso pais?
R – (A Ryoko não criou um jogo sobre Portugal, era uma carta a parodiar o nosso jogo “String Savana”. Foi o professor de Português que pediu para lhe desenhar a carta.)

Acerca do jogo “Sail to India”, Hisashi e eu gostamos do jogo Japonês “Uncharted Waters” que tem o tema da Era dos Descobrimentos, e no jogo começámos em Lisboa. Por isso temos alguma afinidade com Portugal.

O que sabem de Portugal? Alguma vez visitaram Portugal?
R – Todos os japoneses aprendem na disciplina de história acerca de como as armas de fogo (arcabuz ou espingarda) foram trazidas para a Ilha de Tanegashima em 1543 por marinheiros Portugueses, a chamada “introdução de armas de fogo no Japão”. Baseado isso, as armas de fogo foram chamadas de Tanegashima-ju (armas de Tanegashima) e tiveram um grande impacto na era Sengoku.

Eu nunca fui a Portugal, no entanto eu vi e conheço Portugal através da televisão e internet.

Comboios e linhas ferroviárias são um grande tema e inspiração para os designers de jogos. O Japão tambem tem uma grande cultura de comboios (um grande sistema ferroviários e o Shinkanshen, assim como o plarail e videojogos como o Densha de Go!). E agora criaram um dos mais peculiares e únicos jogos de tabuleiro, “String Railway”, lançado pela Japon Brand (que já entrevistámos). Quando é que tiveram a ideia inicial para o jogo? E porque fios?
H – Eu adoro jogos de comboios em tabuleiro. Eu sou um bom jogador na série 18XX, Age of Steam e Ticket to Ride. Eu pensei que podia existir um jogo para construir as trilhas mais livremente, e escolhi utilizar fios. (Como sabem, normalmente os jogos ferroviários normalmente utilizam casas quadradas ou hexagonais)

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Fora jogos de tabuleiro, quais são os vosso hobbies (televisão, filmes, livros, musica, anime, manga)?
R – Eu sou baterista numa banda de rock amador. Eu gosto muito dos Beatles e fiz parte da uma banda de tributo.

H – Eu gosto de comboios e história. Eu gosto de ver concursos, dramas, programas de variedades, todo o tipo de televisão incluindo documentários, e as vezes vejo animação, comics e filmes. Também gosto bastante de videojogos.

Quais são os planos para o futuro próximo? Estão a trabalhar em novos jogos de tabuleiro?
R – Depende das ideias do Hisashi, eu acredito que o nosso próximo jogo será ainda melhor.

H – Já o anunciei no Japão, mas o jogo de tabuleiro “Sail to India” que tem o tema da era das Descobertas vai ser publicado em Portugal brevemente. Depois, vou continuar a fazer jogos enquanto tiver ideias.

No final da entrevista ainda houve tempo para uma dedicatória aos leitores do Club Otaku.

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Entrevista por: Fernando Ferreira

2 comments
  1. Tiago Duart

    Parabéns! Gostei bastante de ler esta entrevista. Quanto ao String Railways e ao Trains são para mim jogos muito interessantes. O String Railways pela sua muita originalidade e o Trains porque apesar de ser quase uma réplica do Dominion tem para mim um tema mais interessante para além de ter um tabuleiro! 🙂

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