Há bastantes jogos dedicados ao tema dos samurais e ninjas. Desde os mais antigos Samurai Showdown e Shinobi, passando por Onimusha, Way of the Samurai, Total War: Shogun ou mais recentemente Nioh e Sekiro: Shadows Die Twice, quem gosta desta temática tem sido bem servido ao longo dos anos. No entanto, 2020 viu surgir um dos melhores jogos de sempre baseados neste tema, o fabuloso Ghost of Tsushima.
Em Ghost of Tsushima o protagonista é Jin Sakai, um samurai que vê a maior parte dos seus companheiros cair em combate quando a ilha de Tsushima é atacada pelo exército mongol, liderado nesta iniciativa pelo temível Khotun Khan. Sobrevivendo por pouco ao ataque, Ghost of Tsushima segue a história de sobrevivência de Jin, enquanto este vai juntando o seu próprio exército para lutar contra a invasão Mongol e voltar a reconquistar a ilha de Tsushima.
Ghost of Tsushima é um aglomerado de muitas coisas boas. Em primeiro lugar, a história, que se prolonga por bastantes horas e três localizações diferentes da ilha de Tsushima, está muito bem construída. Indo buscar inspiração aos filmes de Akira Kurosawa, coloca-nos na pele de um protagonista que se vai adaptando a esta nova situação enquanto luta contra o conflito interno de se estar a afastar do caminho honrado que lhe ensinaram. Durante a história somos apresentados a um sem número de personagens que vão desde antigos samurais, arqueiros letais, ladrões, monges e até algumas figuras mitológicas.
Um dos grandes atrativos de Ghost of Tsushima, devido ser um jogo de mundo aberto, é que podemos escolher o nosso próprio caminho, podendo desviar-nos da história principal durante as horas que quisermos e explorar o território do jogo à vontade. Há um sem número de missões alternativas e extras no jogo que vão desde ajudar camponeses a recuperar o seu território, subir montanhas, procurar termas e perseguir raposas para ganhar um certo power-up. Ao longo destas missões vamos explorando diferentes ambientes, onde por vezes enfrentamos ameaças reais e por outras já entramos mais dentro da mitologia japonesa.
Embora algumas das missões alternativas possam ser um pouco repetitivas, o sistema de combate do jogo ajuda a manter o jogador interessado. Há um sem número de movimentos e armas a serem exploradas e desbloqueadas durante o jogo, tendo eu passado horas a tentar desbloquear grande parte dos extras antes de avançar mais na história. O sistema de combate é muito divertido, adaptando o jogador a estratégia consoante cada situação, sendo por vezes preferível usar a acção furtiva e por outras o combate frente a frente.
Embora os movimentos faciais dos personagens tenham sido aperfeiçoados para a versão em inglês do jogo, recuso-me a acreditar que qualquer fã desta temática não opte pela versão em japonês (havendo até um modo Kurosawa onde o jogo para além de estar em japonês está também a preto e branco), em que a voz do protagonista é a de Kazuya Nakai (o Zoro de One Piece!). A versão em japonês está muito bem conseguida e leva-nos a criar empatia por personagens como Yuna, Masako Adachi, o “tio” Shimura ou Taka, numa experiência verdadeiramente cinematográfica, à qual também está associada uma banda sonora fabulosa.
Se a experiência a solo não fosse mais que razão suficiente para investir no jogo, os produtores lançaram a expansão Legends (completamente grátis) pouco tempo depois do lançamento. Legends, que é a expansão multiplayer, leva-nos para um mundo de mitologia onde construímos o nosso próprio personagem após escolher uma das quatro classes disponíveis. É sem dúvida uma grande adição a um já excelente jogo, onde desta vez lutamos contra demónios e espíritos através de um sistema colaborativo que nos põe a lutar ao lado de jogadores de todo o mundo. Sinceramente, eu não sou grande adepto da experiência online, mas esta expansão é totalmente viciante e dá-nos vontade de continuar a jogar de forma a progredir nesta nova (mais curta) história dentro do universo da mitologia japonesa.
Ghost of Tsushima é um jogo mais que recomendado e um dos melhores (senão o melhor) jogo de samurais de sempre. É um jogo longo, que necessita de tempo para ser desfrutado, ao qual se acrescenta um valor de repetição enorme, sendo uma experiência à qual dá vontade de voltar no futuro. Foi um dos jogos da “fornada” de despedida das consolas de última geração, mas que provavelmente continuará a ser apreciado nesta nova geração de consolas durante muitos anos.
Escrito por: Nuno Rocha.