Uma boa forma de escolhermos algum jogo para queimarmos algum tempo, é vermos os Let’s Play de vários jogos até encontrarmos um que nos agrade. Para quem não está familiarizado com o termo, o Let’s Play são vídeos que são colocados no Youtube e que basicamente mostram os “saves” de um jogador ao longo de um jogo.
E foi o que fiz… naveguei um bocado pelo Youtube e encontrei este jogo que já tinha em mente há algum tempo e que pensava que ia ver algo relativamente… simples. Bom, depois de um começo relativamente calmo, o jogo leva-nos para uma viagem que põe os nervos em franja e coloca uma pessoa em modo de paranóia completa. Simplesmente não dá para confiar no ambiente que se explora.
Este jogo transporta-nos para uma viagem ao universo de um pintor recentemente falecido (pelo menos tive essa impressão pelo que vi), que explorou bastantes estilos e correntes artísticas. O jogador assume o papel de uma jovem rapariga de nome Ib que visita com os seus pais uma galeria de arte onde estão expostas algumas obras do falecido artista. Os quadros exibidos na exposição são ligeiramente arrepiantes, mas nada é comparável quando a rapariga se vê sozinha numa sala e é sugada para uma espécie de universo paralelo a fazer-nos lembrar as clássicas histórias de Twilight Zone onde há praticamente nada que não queira “fazer-lhe a folha”, diga-se.
O sistema do jogo é simples e bem executado. A rapariga tem na sua posse uma rosa que representa a sua saúde. Contacto com as mil e uma “coisas” que habitam a dimensão para onde foi atirada retiram um pouco de saúde, a qual pode ser recuperada em certos pontos, dando água à rosa para se poder continuar. Para se ir avançando, basta explorar o espaço e tentar descobrir onde estão e onde se devem usar os objectos necessários para progredir, algo que não é muito difícil na maioria dos lugares, mas que pode noutras vezes ser um pouco complicado de entender.
O estilo de 16-bit utilizado no jogo confere-lhe a atmosfera perfeita para este tipo de jogos e vai fazer delícias para os fãs dos jogos “retro”. Os quartos escuros, as pinturas individuais e os rostos em estilo anime tornam o jogo muito mais atraente. A minha única reclamação é que poderia haver mais variação em termos dos inimigos, cujos se parecem demasiado uns com os outros.
Sendo um jogo “indie” a parte musical podia ter ficado um pouco desleixado. No entanto, ficamos surpreendidos com a excelente e agradável música que acompanha o jogo e que tem a grande vantagem de não ser repetitiva como acontece na grande maioria dos jogos deste tipo.
Para quem aprecia jogos do género das aventuras gráficas de terror psicológico como o caso de Amnesia, onde o horror está em não haver modo de contra-atacar aquilo que nos salta em cima, vai ter neste jogo um bom modo de passar o tempo. Entre sustos, puzzles e a história de um artista torturado pelas suas circunstâncias, é um jogo que vale a pena. Especialmente com as luzes desligadas.
Mas mais palavras para quê? O que têm a fazer agora é seguirem o link de Ib (pronuncia-se “Eeb,” como “Eve”), instalar o jogo e jogarem…
Escrito por: João Carlos Honório Pedro